• Com aproximadamente 130 milhões de pessoas conectadas na internet, entretenimento online expande no Brasil

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    07/04/2020 - 19:25


    ENTRETENIMENTO

    - Apesar do Brasil ainda estar longe de ser uma das principais referências mundiais no quesito serviço de internet — está atrás de Guatemala e Irã em qualidade de sinal 4G, por exemplo —, o país conseguiu dar um passo importante nos últimos anos em termos de infraestrutura e atualmente quase 130 milhões de brasileiros conseguem acessar à web. Com aproximadamente 70% da população brasileira conectada à internet e uma alta procura interna por consumo de entretenimento online, hoje o Brasil é considerado um dos principais alvos de grandes empresas para gerar conteúdo. Além disso, modalidades online como poker e e-sports tomaram proporções gigantescas no país e impulsionam ainda mais o setor. Impacto do streaming na indústria musical: Devido ao rápido crescimento das tecnologias de comunicação na última década, a indústria da música passou por significativas mudanças, principalmente na maneira de consumo do público e também na distribuição. É consenso comum que a procura e compra por álbuns físicos está cada vez menor devido ao avanço do mercado digital. Isso acontece, em grande parte, devido à praticidade das plataformas digitais como Spotify, Deezer e Apple Music — que ganharam enorme terreno no mundo da música.

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    De acordo com o relatório anual de 2018 da empresa estadunidense BuzzAngle, foram 534 bilhões de reproduções de músicas em plataformas digitais, 42% a mais que em 2017. Essa estatística comprova como o streaming musical avançou o nível de popularidade em tão pouco tempo. Para se ter uma ideia do tamanho dessa indústria, o Spotify sozinho tem mais de 100 milhões de assinantes ao redor do globo — é como se toda a população da Itália e da Espanha, juntas, contratassem o serviço de streaming musical. Nesse sentido, com grande mercado interno consumidor, o Brasil é um dos três países que mais consomem música por plataformas digitais no mundo, segundo uma pesquisa da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). Além disso, mesmo com a globalização, os brasileiros são os que mais ouvem a própria música entre todos os países. “Nenhum país na América Latina tem um percentual de consumo de repertório doméstico como o nosso. Podemos nos comparar a Estados Unidos, Japão, países da Europa”, diz Eduardo Vicente, pesquisador de música popular e doutor e ciência da comunicação pela USP, em declarações ao site Folha de São Paulo. O crescimento do e-sports e do poker: A evolução tecnológica dos aparelhos eletrônicos e o avanço da internet no Brasil fizeram com que duas modalidades online se tornassem uma febre no país: o poker online e os esportes eletrônicos (e-sports). Hoje, não é exagero apontar o Brasil como um dos principais centros do poker online mundial. Somada a duas últimas edições da Copa do Mundo de Poker Online, 2018 e 2019, respectivamente, o país somou o maior número de conquistas e ficou à frente de outras grandes potências da  modalidade. Também é importante destacar que são vários os fatores que contribuem para o sucesso dos jogos de poker online no Brasil. O país conta com nove jogadores entre os 50 melhores do mundo no ranking internacional da modalidade — que é organizado pelo site especializado PocketFives (conteúdo em língua estrangeira). Além do grande número de atletas que fazem sucesso no exterior, sites de grande porte com torneios e tutoriais gratuitos como do 888 Poker Brasil e o número maior pessoas conectadas à aparelhos eletrônicos também contribuíram para que a modalidade mudasse de patamar na última década.

    Segundo dados divulgados pela Confederação Brasileira de Texas Hold'em (CBTH), nos dias atuais o Brasil conta com pouco mais de 8 milhões de jogadores— nas modalidades ao vivo e online. Para efeito de comparação, em 2013, havia 4 milhões de competidores. Ou seja, aproximadamente 4% da população brasileira joga poker, o que é bem significativo para um país de 209 milhões de habitantes. Assim como acontece no poker online, os e-sports cresceram muito de popularidades nos últimos anos. Só em 2019, no mundo todo, 453 milhões de espectadores assistiram a campeonatos de jogos eletrônicos, segundo a Newzoo, empresa especialista em realizar pesquisas no segmento de entretenimento eletrônico. No Brasil, 21 milhões de pessoas acompanharam algum torneio da modalidade no ano passado, número que representou um aumento de 20% da audiência em relação a 2018. Não por acaso, um recente relatório da Newzoo apontou o Brasil como a terceira força mundial em termos de audiência nos e-sports, só ficando atrás de grandes potências como Estados Unidos e China. Porém, segundo alguns especialistas do setor, ainda há muita burocracia e falta de infraestrutura para a realização de mais campeonatos no país. “A falta de arenas, estúdios de gravação e transmissão, bem como a falta de profissionais qualificados dificultam a realização e a produção dos campeonatos. Há oportunidades que levariam à geração de empregos e a novos profissionais especializados”, diz Márcio Canosa, diretor de e-sports da Ubisoft para a América Latina, em entrevista para o site Istoé. Ainda assim, a expectativa é de grande crescimento para os próximos anos. De acordo com uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers Brasil (PwC), o setor de e-sports nacional deve crescer 15% (ao ano) até pelo menos 2022. Consumo de vídeos pela internet cresceu 165% nos últimos cinco anos. A Netflix é um retrato do aumento da procura por streaming de vídeo no Brasil. De acordo com um artigo postado no site Canaltech, a Netflix conta com aproximadamente 15 milhões de assinantes no Brasil. Esse número representa quase o mesmo total de assinantes da TV paga no país (17 milhões).

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    Com perspectiva de ultrapassar o número de assinantes da TV por assinatura no país, a Netflix anunciou que irá investir R$ 350 milhões no Brasil — para produção de séries, filmes e licenciamento, todos com conteúdo nacional. Em setembro do ano passado, importantes dados foram divulgados sobre o setor no YouTube Brandcast, evento realizado em São Paulo. Um dos números mais relevantes é que 9% da população brasileira não assiste mais televisão. Além disso, 80% das pessoas que procuram por streaming de vídeo estão em busca de conteúdo novo. A queda de assinantes na TV paga levou as operadoras e os canais fechados a discutir mudanças na TV por assinatura brasileira. A conversa aconteceu na última edição da PayTV Forum e também envolveu a presença de consultores. Segundo informações do portal Na Telinha (UOL), a Netflix espera que, até 2021, o número de assinantes de sua plataforma seja maior que o de todas as operadoras de TV por assinatura do Brasil, algo que seria um marco histórico para o entretenimento online no país.

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