• Opinião: Por festejos juninos sem sertanejo universitário financiado com dinheiro público

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    Por Tiago Rego | Jornalista

    14/06/2023 - 10:00


    "Cabe ao poder público, levando em conta o conceito de identidade cultural, fornecer subsídios para que a cultura da música nordestina, juntamente com seus costumes e tradições mantenham-se fortes"

    OPINIÃO

    - O mês de junho é, sem sombra de dúvidas, o mais nordestino de todos. E, claro, que isso se deve ao forró, música oficial dos festejos juninos. Portanto, o São João é a época do ano em que o Nordeste se afirma, mais do que nunca, enquanto potência cultura e, neste contexto, cabe ao poder público, levando em conta o conceito de identidade cultural, fornecer subsídios para que a cultura da música nordestina, juntamente com seus costumes e tradições mantenham-se  fortes. No entanto, o que tem se visto nos últimos anos, é um desvirtuamento das festas de São João, dada a enorme inclusão de artistas do gênero sertanejo, principalmente o tido como “universitário”. Quero deixar claro aqui, que não se trata de um repúdio ao estilo musical que é super popular e faz parte do modo de ser do brasileiro, mas sim, da defesa da identidade cultural. Entende-se por identidade cultural, costume, rito, celebração ou experiência que é típica de um povo. E neste contexto, o forró está para o São João assim como o samba está para o carnaval carioca, e é preciso que os administradores do dinheiro público entendam este expediente. Só para explicar, que não se trata de impor barreiras ao sertanejo, na semana passada, o cantor Flávio José, um dos grandes ícones da música de Luiz Gonzaga, fez uma reclamação mais do que justificável que seu show, em Campina Grande, na Paraíba, teve mais de 30 minutos diminuído, para ampliar a apresentação de Gusttavo Lima, ou seja, um verdadeiro acinte à cultura popular, e o que é pior: a iniciativa partiu da própria Prefeitura de Campina Grande. No contexto local, em Livramento de Nossa Senhora, o prefeito Ricardinho (PSD), anunciou com muito êxtase, que a dupla João Bosco e Vinícius será uma das atrações da Festa da Rua do Areião, que apesar de ter agradado uma parcela grande dos livramentenses, já que os cantores contam com uma grande base de fãs, do ponto de vista cultural, a escolha foi mal pensada. Portanto, diante do avanço do capital empresarial, que investe cifras milionárias com divulgação e até mesmo impulsionamento em rádios e serviços de streamings, formando praticamente um cartel musical, cabe ao poder público preservar a essência do São João e seu principal ativo: o forró. 

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Sudoeste Bahia. 

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