ORÇAMENTO SECRETO E RELAÇÃO COM O LEGISLATIVO: Na mesma entrevista, Lula comentou a atuação do Congresso Nacional e apontou disfuncionalidade do governo federal, cujo orçamento foi sequestrado pelos parlamentares através das emendas e do chamado “Orçamento Secreto”. Para ele, a situação atual é fruto das escolhas políticas do último pleito, no qual Jair Bolsonaro saiu vencedor. “Embora as pessoas xinguem os deputados, eu sempre digo que o Congresso é a cara da visão política que a sociedade tinha no dia do voto”, disse o petista ao avaliar o perfil dos legisladores brasileiros. “A votação de 2018 foi uma votação raivosa, nervosa, feita com base em mentira, em fake news, feita com base em denúncias falsas, eu, inclusive, estava preso porque tomaram a decisão de me prender pra não deixar eu disputar as eleições porque eles sabiam que eu ganharia”, argumentou ele, citando a condenação pelo ex-juiz Sergio Moro (UB) que lhe tirou da disputa presidencial no último pleito. “Então, o que nós estamos colhendo hoje é isso.É a primeira vez na história do Brasil que o Congresso Nacional se apodera do orçamento e tem o poder de liberar dinheiro sem sequer falar com os ministros. Às vezes tem mais dinheiro que o próprio presidente da República pra fazer investimento”, afirmou. Diante do quadro, o petista disse que se for eleito, reforçará o diálogo para “restabelecer a normalidade” no Brasil em todos os poderes, Judiciário, Executivo e Legislativo. “São três coisas chave. Primeiro, o tribunal julga de acordo com a Constituição Brasileira, pra manter o regime democrático; o presidente da República executa, porque foi pra isso que ele foi eleito; e o Congresso legisla”, pontuou. Admitindo a complexidade da relação com o Congresso, Lula prometeu que vai “conversar muito” com os parlamentares e destacou a experiência de sua chapa nessa interlocução. “É difícil, mas nós vamos conversar. Eu e o Alckmin [Geraldo Alckmin (PSB), seu vice] sabemos conversar. Ele foi governador de São Paulo por 16 anos, ele tem muita experiência de conversar, eu tenho muita experiência, eu gosto de conversar”, salientou, colocando como prioritárias questões de ordem prática: “Oque interessa é esse país voltar à normalidade, a gente acabar com a fome nesse país, gerar emprego, gerar salário, renda, e bem estar social”.
20/01
carlos henrique