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  • Mais 2 PMs mortos em serviço na Bahia - Por Irlando Oliveira

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    23/01/2017 - 13:27


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    Desde ontem, por volta das 23:30 hs, acompanhamos o desenrolar de mais uma cidade sitiada pelo banditismos. Isso teve lugar em Bom Jesus da Lapa, tão conhecida pelos seus milhões de fiéis que a buscam todos os anos, por ocasião das suas Romarias. Informações nos dão conta que foram cerca de 40 bandidos, os quais intentaram explodir e roubar agências bancárias daquela cidade, o que foi frustrado pela Força Policial local, aguerrida, intrépida e vigilante, que, mesmo com inferioridade numérica - como sói acontecer -, enfrentaram tais facínoras, trocando tiros, sendo um baleado e dois pegos como reféns, os Sds PM Everton Oliveira de Santana e Gilberto Lemos Silva Júnior, ambos da 38ª CIPM/BJL, sendo estes últimos brutalmente executados durante a madrugada.

     

    Noutra oportunidade, conforme nos recordamos, no final do ano de 2015, na cidade de Livramento de Nossa Senhora, eis que havia sucedido ação criminosa de igual jaez, tendo o Pelotão Especial Tático Operacional (PETO) da 46ª CIPM trocado tiros contra um bando desses assaltantes, infelizmente não conseguindo evitar a ação criminosa, tendo acontecido o assalto ao Banco do Brasil. Contudo, para a nossa felicidade, saindo os bravos e heróicos PMs completamente ilesos na tal intervenção, sendo, inclusive, elogiados individualmente.

     

    Desta forma, nos perguntamos: até quando suportaremos investidas desta natureza? Até quando nos valeremos das pífias guarnições tipo "A", contando com apenas dois PMs, na atual conjuntura, onde a criminalidade atinge o seu apogeu? Temos sinalizado isso à saciedade, contudo o nosso brado parece não ter a devida ressonância! E a nossa sinalização tem sido a de sempre evitar desfechos trágicos como o desta madrugada, na cidade dos Romeiros!

     

    As hostes da Polícia Militar, desde a década de 90, têm sido literalmente dizimadas, sem a reposição necessária para se fazer frente à criminalidade que recrudesce e se agiganta a cada dia. Como Comandante de uma Unidade Operacional da PMBA e como Gestor, via de consequência, sentimos tais dificuldades para a condução do policiamento nas nossas cidades, mesmo envidando esforços ingentes a nível de inúmeras blitzes, retenções de veículos em nossos aquartelamentos, abordagens a pessoas, etc, para mitigar os efeitos danosos e nocivos do crime nas sociedades, as quais, assim como nós, sofrem demasiadamente com tudo isso.

     

    Assim, manifestamos o nosso pesar às famílias dos heróicos PMs brutalmente mortos no desempenho de seus serviços, rogando aos céus que ilumine as nossas mentes, nos mostrando o caminho a seguir, as estratégias de ações devidas, como forma de efetivamente cumprirmos a nossa missão constitucional, proporcionando a paz e a harmonia social, anelo de todos nós, principalmente nesses dias tão sombrios!

     

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    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Movimento feminista: liberdade ou libertinagem? - Por Irlando Oliveira

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    15/01/2017 - 19:51


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    Ao longo da história da humanidade, a mulher sempre se viu subjugada, humilhada e vilipendiada, remanescendo tais traços na atualidade, em alguns países, mormente no Oriente Médio e África. Analisando a conquista da liberdade e emancipação da mulher, vamos encontrar no século XVIII, em plena Revolução Francesa, a sua luta pela conquista do voto e, via de consequência, da sua cidadania. No século XIX, no ano de 1842, fomos brindados com o livro do eminente escritor francês Honoré de Balzac, intitulado "A mulher de trinta anos", conferindo às mulheres desta maravilhosa idade o adjetivo de "Balzaquianas", representando, dentre outros fatores, o ápice da vida amorosa. No século XX, mais precisamente em 1949, foi lançado o livro da ínclita escritora e filósofa existencialista francesa Simone de Beauvoir, denominado "O segundo sexo", o qual norteia o Movimento Feminista Moderno, nos apresentando sua célebre frase: "Não se nasce mulher; torna-se mulher". Neste mesmo século, a Carta das Nações Unidas, em 1945, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, têm como fundamentos a igualdade de direitos entre homens e mulheres e a não-discriminação destes. 

     

    Num passo seguinte, em 1979, houve a Convenção da ONU sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, a qual obteve um substancial número de ratificações pelos Estados-Partes (168, em 2001), em que pese apresentar um expressivo número de reservas - todas atribuídas a culturas radicais. Em 1994, no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi realizada em Belém do Pará a Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.

     

    Notamos, assim, que foram inúmeras as conquistas das mulheres ao longo desse período, as quais lograram ainda, aqui no Brasil, a Lei Maria da Penha, em 2006, e a Lei do Feminicídio, em 2015. Mas algo tem nos inquietado, pois percebemos que, na atualidade, algumas mulheres têm se permitido a condutas extremamente equivocadas, já que têm confundido - ao que nos parece - liberdade com libertinagem. Desta forma, analisando os significados dos referidos verbetes, à luz do dicionário, vamos encontrar liberdade como sendo o "direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem; condição de quem goza de liberdade; conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão". Ao passo que libertinagem se traduz naquilo "que ou quem revela um comportamento moralmente desregrado, centrado nos prazeres sexuais; devasso".

     

    Assim, pensamos que, como a mulher esteve ao longo da história sempre reclusa, limitada no seu comportamento e no seu proceder, algumas se mantêm nessa conduta atávica, agindo e atuando pessoal e profissionalmente como mulher, sem perder seu brilho e sua dignidade. Contudo, outras têm apresentado comportamento completamente diverso, causando perplexidade à sociedade, devido ser algo que macula a figura feminina, pois temos constatado atos de exibição do corpo, através do nudismo na internet, de "danças" inomináveis, já que não apresentam nada de sensualidade; pelo contrário, de degradação! Sem contar os vídeos pornográficos veiculados nos grupos de "WhatsApp", em que algumas se permitem se desnudar literalmente, sem medo, pudor ou vergonha, conspurcando a própria dignidade! Assim, nos perguntamos: em troca de quê?

     

    Não é porque a mulher conquistou a sua liberdade - como vimos, com muita luta - que poderá se permitir a condutas degradantes. É preciso cautela! A beleza, a elegância e a maravilha da mulher reside na sua feminilidade, na sua doçura e na sua sensualidade natural, pois tais atributos são ínsitos de qualquer uma! A mulher que se permite a condutas de baixeza moral perde seu valor perante qualquer homem! Os chamados assuntos de alcova somente dizem respeito ao casal, pois o que sucede entre quatro paredes representa a intimidade dos enamorados, devendo ser algo apenas destes, apesar de sabermos dos inúmeros desvios sexuais que muitos são portadores.

     

    Desta forma, que as famílias possam orientar e acompanhar suas filhas, dando-lhes as noções e o entendimento do presente texto, sob pena de vermos, a cada dia, a mulher se comprometendo no seu real papel na sociedade! A ela, está reservada a experiência de uma vida plena, mas sem comportamentos vis, pois a emancipação da mulher foi algo conquistado com muita luta, apesar de ainda termos, culturalmente, civilizações que as tolhem nas suas condutas e formas de ser.

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Caos no sistema penitenciário brasileiro - Por Irlando Oliveira

    13/01/2017 - 20:16


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    Corroborando os nossos escritos anteriores, novamente trazemos à baila o caos que se encontra o sistema penitenciário do país, considerando os últimos acontecimentos, os quais deixaram perplexos todos nós brasileiros, ante às atrocidades praticadas nos presídios de Manaus/AM e Boa Vista/RR.  As últimas notícias veiculadas pela mídia nos dão conta de algumas medidas que estão sendo "pensadas" pelo Poder Público, como forma de se buscar "compensar" a ineficiência e a total falta de estrutura das nossas penitenciárias. Uma delas causou-nos espécie, superlativa, pois simplesmente despreza-se ou "joga fora" toda a via-crúcis do fluxo processual penal, senão vejamos: "a Defensoria Pública da União (DPU) sugeriu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que determine aos juízes de Manaus que soltem presos no Estado, de modo a permanecer no regime fechado somente a quantidade equivalente ao número de vagas em cada presídio." (matéria publicada no site G1). Ora, isso é um absurdo e de uma leviandade sem precedentes, pois coloca em vulnerabilidade todos os manauenses, já que terão no seio daquela sociedade, deambulando livremente, delinquentes condenados que feriram o pacto social, nos valendo de uma linguagem rousseauneana.

     

    Em razão desse descalabro e dessa medida imediatista - algo que tanto caracteriza as políticas públicas de segurança, ante um grave problema com repercussão midiática -, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) vociferou - como não poderia ser diferente -, se manifestando contra tal medida insana. Por sua vez, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou uma nota asseverando que "o Poder Público precisa reassumir o controle das penitenciárias e dos presídios", já que, na avaliação da entidade, estão "controlados por facções criminosas." A que ponto chegou o sistema penitenciário do país! Será que precisarão de mais quantas rebeliões desse jaez para que as autoridades brasileiras despertem desse estado letárgico, o qual infelizmente vem se apresentando, via de regra, como apanágio de alguns Órgãos e serviços públicos? Basta dizer que, somente em Manaus e Boa Vista, foram mais de uma centena de mortes, as quais chegaram a apresentar um nível de abjeção tal que suplantam muitos suplícios praticados na Idade Média.

     

    As situações pelas quais passa o Brasil na atual conjuntura, no que toca à segurança pública, não nos indica quaisquer sinais de melhora ou avanços significativos que nos levarão à paz e a harmonia social, pois, a cada amanhecer, o problema fica mais complexo, exigindo dos Poderes Públicos estratégias de ação para conter essa explosão de violência que grassa desde há muito. Na verdade, hoje estamos "chorando o leite derramado" - nos valendo de um adágio popular -, já que o crime vem recrudescendo no país há muito tempo, com a quase total ausência de políticas públicas efetivas para a sua contenção.

     

    Assim, podemos inferir, sem qualquer hesitação, que a situação do sistema penitenciário brasileiro está tão caótica e crítica, que a pena de prisão, via de consequência de cerceamento de liberdade, está oferecendo àqueles que foram sentenciados pela Justiça, nos inúmeros estabelecimentos prisionais, quase que a mesma "liberdade" usufruída pelos criminosos ainda não punidos!

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Então é Natal! Por Irlando Oliveira

    20/12/2016 - 20:32


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    Estávamos refletindo um pouco sobre o Natal e, aliado a ele, as confraternizações, amigos secretos, troca de presentes, enfim. Nessa época, em que se comemora o nascimento do Cristo, somos tomados pelo espírito de "fraternidade" e, ao que parece, temos que nos "confraternizar"! Esse é o modelo instituído! Nesse período, achar um restaurante, pizzaria ou churrascaria em condições de nos atender, às vezes chega a ser tarefa difícil, principalmente nas grandes cidades. Tudo isso porque os colegas de trabalho, de sala de aula, vizinhos, grupos de amigos e familiares precisam se "confraternizar"! Passamos o ano todo na maioria das vezes nem nos importando com o outro, mas agora é Natal e precisamos fazer uma "confraternização" de Final de Ano! Precisamos mandar um Cartão de Natal para os "amigos", pelo WhatsApp ou e-mail! Recebemos, através desses meios de comunicação, cartões e felicitações de Natal de inúmeras pessoas muitas das quais nunca nos procuraram durante o ano todo! Mas agora é Natal! Temos nos permitido àquilo que a psicologia denomina de processo de massificação, através do qual agimos conforme a massa, consoante o todo! Nos permitimos a adotar um comportamento em conformidade com a maioria das pessoas, ainda que em detrimento da nossa forma de agir.

    Desta maneira, temos buscado evitar tais condutas, ainda que as pessoas não nos entendam! Queremos estar em paz com a nossa consciência, primeiramente! Existem inúmeras formas de mostrarmos o nosso respeito, apreço e carinho às pessoas que compõem o nosso convívio social que não através dessas posturas adotadas no Natal! Na verdade, não nos damos conta de que eventos desta natureza - "confraternizações" e "amigos secretos" - foram, ao longo dos tempos, sendo fomentados pelo comércio e pelo capitalismo, e na atualidade se traduzem em verdadeiros hábitos e costumes do povo. A economia precisa disso para sobreviver! E nós, tais quais fantoches, títeres ou marionetes, nem sempre enxergamos isso! Nos permitimos, apenas! O Natal é muito mais que troca de presentes e confraternizações! É o momento, dentre outras coisas, de refletirmos acerca do nosso caminhar, do nosso proceder, e se estamos tentando, verdadeiramente, seguir os ensinamentos do Messias, exarados na Boa Nova, através da versão neotestamentária, considerando, principalmente, a proximidade do final de mais um ano! Fazendo um balanço desse período que, conforme nosso calendário, está se findando! Assim, nos perguntamos: como o Natal foi sendo descaracterizado? Aquele que nos serve de modelo e guia - Jesus Cristo - está quase que sendo trocado por Papai Noel!

     

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    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Brasil: país onde a barbárie e a impunidade andam de mãos dadas

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    Por Irlando Oliveira*

    18/12/2016 - 19:05


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    O nosso Brasil é um país bem peculiar e sui generis. Ultimamente, nos vemos surpreendidos com tantas notícias desagradáveis, as quais dão azo a pensarmos que aqui tudo é possível, pois não vivemos uma democracia, absolutamente, mas uma anarquia, uma anomia! No sábado (17/12), na cidade de Três Corações/MG, em pleno desempenho do seu mister, a Agente de Trânsito, Funcionária Pública Edvânia Nayara Rezende, de 23 anos, foi brutalmente espancada, em via pública, por um covarde que minutos antes havia agredido a sua própria esposa, identificada por Ana Paula, a qual - por incrível que pareça - é delegada da cidade, portanto uma autoridade! O protagonista da barbárie foi identificado como sendo o arrogante, prepotente e pusilânime Luiz Felipe Neder Silva, de 34 anos.

     

    Quando Nova Iorque implementou a tão falada política pública de segurança intitulada "Tolerância Zero", a partir de 1994, sob os auspícios do Prefeito Rudolph Giuliani, se pretendia, dentre outras coisas, punir duramente os perpetradores de delitos de menor potencial ofensivo, a fim de se evitar - ou cortar o mal pela raiz - os crimes maiores. Ora, isso que assistimos, através do vídeo postado nas redes sociais, está longe de se configurar delito de menor potencial ofensivo! Bem o sabemos! O covarde pode, perfeitamente, ser enquadrado em inúmeros crimes, como: desacato, lesões corporais, ameaça, tentativa de homicídio... Cenas como essas e tantas outras similares vêm acontecendo aqui no Brasil graças à leniência, compassividade e condescendência dessa nossa "justiça", a qual necessita, urgentemente, dar um basta nisso, pois tais eventos de barbárie surgem exatamente em razão dessa inércia e inação, por assim dizer, das autoridades que compõem o nosso Sistema de Defesa Social, o qual está literalmente mambembe e, via de consequência, desacreditado!!!

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Políticas públicas de redução da criminalidade

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    Por Irlando Oliveira*

    02/12/2016 - 13:15


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    Na década de 90, pudemos acompanhar o desenvolvimento de algumas políticas de redução da criminalidade - quer vivenciando-as, quer através das nossas pesquisas -, as quais apresentaram traços bastante similares. Uma teve lugar na cidade de Nova York, a partir do ano de 1994, sob os auspícios de Rudolph Giuliani, prefeito eleito através de uma campanha toda voltada ao combate ao crime, já que aquela megalópole apresentava altíssimos índices de criminalidade, afetando sobremaneira o turismo e o comércio local. Tal política pública foi intitulada como Tolerância Zero. A outra foi conduzida no Estado da Bahia, sob a batuta do Governador Paulo Souto, em 1996, através do Projeto Polícia Cidadã, estabelecido mediante uma parceria entre a PMBA e a UFBA, através da Faculdade de Administração, cujo objetivo era alcançar a melhoria da qualidade nos serviços de segurança pública, prestados pela briosa Polícia Militar, adotando como filosofia da atuação policial o Policiamento Comunitário.

     

    Na referida cidade norte-americana, em razão da política pública de redução do crime, a polícia sofreu grande alteração na sua estrutura organizacional, já que algo precisava ser feito visando uma mudança radical na atuação policial, a fim de alcançar os objetivos pretendidos. Assim, foram estabelecidos, dentre outras coisas, três eixos principais, os quais constituíram o cerne da Política Tolerância Zero: aumento substancial do efetivo policial, incremento de estatística informatizada (Computerorizes Statistics - Compstat) e uma maior autonomia dos gestores (Chefes dos Distritos Policiais) para resolução de problemas. De imediato, estabeleceu-se a necessidade de reuniões hebdomadárias, as quais aconteciam em dois dias, terças e quintas-feiras, no intúito de se discutir os acontecimentos da semana pretérita, momento em que cada gestor deveria esclarecer acerca das medidas por ele adotadas para combater o crime. Não "importava" se o crime acontecia, mas era fundamental que o gestor mostrasse nessas reuniões o que estava sendo engendrado - o seu plano -, no sentido de se evitar ações criminosas futuras. Esses momentos de reuniões semanais eram chamados de Compstat. Na Bahia, por sua vez, também começavam acontecer as mudanças. Foram criadas inúmeras Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPM), as quais deveriam ser comandadas por um Major, que implementaria na sua área de atuação a filosofia do Policiamento Comunitário, mobilizando a comunidade para a formação do Conselho Comunitário de Segurança, de modo a facilitar a comunicação entre a Unidade Policial e a população, angariando a sua confiança e fazendo com que essa comunidade se sentisse como copartícipe do processo, identificando problemas de segurança pública e analisando possibilidades para solucioná-los. Num passo seguinte, já no ano de 2011, através de lei, o Governador Jaques Wagner institui o Sistema de Defesa Social, bem como o Programa Pacto pela Vida, sendo este último "consistente no conjunto de projetos e atividades desenvolvidos por diversos órgãos do Poder Público e em interação com a sociedade civil, que tem como finalidade promover a redução da criminalidade e violência no Estado da Bahia, com ênfase na prevenção e combate aos Crimes Violentos Letais Intencionais - CVLI". Deste modo, foram criadas as Câmaras Setoriais - ao nosso ver, quase nos mesmos moldes do Compstat de Nova York -, oportunizando, dentre outras coisas, reuniões em que são debatidos os problemas de segurança pública das localidades, são exibidos os dados estatísticos da criminalidade e produtividade de cada Unidade Policial, e são chamados à responsabilidade os gestores (Comandantes das Unidades Policiais, Coordenadores e Delegados), os quais expõem as peculiaridades da sua área de atuação, bem como seus planos e estratégias de ação para diminuir os índices de criminalidade. Imperiosas se tornam as políticas públicas de redução da criminalidade, considerando a dinâmica do crime, seu alastramento azeitado pelo narcotráfico, que medra infrene no tecido social e necessita ser combatido, considerando quase todas as ações criminosas terem ligação com o tráfico de compostos psicoativos, vulgarmente chamados de drogas. Percebemos que, em Nova York, foi evidente a redução do crime, através da política pública adotada, em que pese ter sido também duramente criticada por alguns estudiosos, dentre os quais Loïc Wacquant, em "As prisões da miséria", considerando o seu entendimento de que se tentou "compensar o menor Estado social com um maior Estado punitivo", diante da dura atuação nos crimes de menor potencial ofensivo. Na Bahia, em razão das políticas públicas levadas a efeito, percebe-se também o esforço ingente de se fortalecer o Sistema de Defesa Social, bem assim o empenho de ambas polícias - Militar e Civil - em prevenir e combater o crime, cada uma com suas peculiaridades e dificuldades, conforme já sinalizamos em outros ensaios. Diante do exposto, inferimos que tais políticas são extremamente necessárias e precisam ser oxigenadas, como forma de unirmos forças no sentido do prevenirmos e combatermos o crime - verdadeira força antagônica -, que a cada dia vem se estabelecendo nas sociedades do planeta, exigindo das forças policiais ações de inteligência, reaparelhamento, incremento de efetivo e operações precisas, como forma de atenuarmos o quadro que já se nos apresenta dantesco!

     

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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  • Eleições 2018: Rui entre Lula e Ciro

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    Por Raul Monteiro

    03/11/2016 - 10:00


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    O diálogo cada vez mais aberto entre partidos da base do governo Rui Costa (PT) e a gestão do presidente Michel Temer (PMDB), demonstrado na votação favorável a propostas do peemedebista no Congresso, a exemplo da PEC do Teto, está a merecer pelo menos a atenção da articulação política do petista e mesmo de seu partido. Uma verificada no quadro mostra que à exceção do PCdoB, seu aliado histórico, e do PTN e do PDT, todos os demais partidos alinhados ao governador baiano, como o PP, o PSD e o PR, estão em franca conversação com o governo federal. É um passo para entendimentos futuros visando, naturalmente, 2018, os quais, pelo menos a priori, não favorecem o governador. Na verdade, embora não revelem, à exceção do PT e do PCdoB e de uma ou outra legenda que se sinta moralmente comprometida com Rui, como o PTN, todos os demais partidos da base, quando olham para o futuro, pensam se o cenário envolverá ou não a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência mais uma vez. Como se sabe, Lula está encrencadíssimo com a Lava Jato, operação que investiga desvios na Petrobras.

     

    O ex-presidente trava uma luta de vida ou morte com o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação que já trancafiou meio mundo empresarial e agora avança sobre a classe política. As chances de o petista se tornar também um presidiário já mobilizam até setores da militância do PT que defendem a necessidade de uma vigília para dar-lhe apoio ou abortar a tentativa de Moro prendê-lo. Na hipótese de Lula não ser trancafiado, dificilmente escapará de alguma condenação por parte do juiz de Curitiba, o que significa que virará um ficha suja e se tornará inelegível. É neste cenário no qual os partidos aliados de Rui, mas sem qualquer compromisso programático ou ideológico com o petismo, pensam dia após dia. Pela tradição, parece óbvio que PP, PR e mesmo o novato PSD só aguardam a definição da situação do ex-presidente para decidir também se ficam com o governador, o que significa embarcar automaticamente em seu projeto de reeleição em 2018. A leitura que se faz é simples. Como é o hábito na Bahia, toda a candidatura ao governo do Estado depende diretamente de sua vinculação com seu correspondente presidencial para ter sucesso. Tem sido assim desde praticamente a redemocratização. Sem Lula concorrendo à Presidência para puxá-lo em 2018, o esforço de Rui para se reeleger será árduo, apesar de seu governo ser bem avaliado pela população, a despeito das grandes dificuldades que enfrenta provocadas pela recessão. Sua primeira dificuldade seria exatamente conter a debandada que já se vislumbra rumo a um nome que tenha o respaldo de uma candidatura presidencial sólida, o que pode ser personificado por ACM Neto (DEM), nome mais forte da oposição para o governo em 2018. Não deve ser por outra razão que petistas já estimulam uma aproximação de Rui com o pedetista Ciro Gomes, presidenciável do PDT que o PT vê como plano B para a sucessão presidencial. * Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia.

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  • A quem interessa essa crise institucional?

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    Por Luís Lemos

    01/09/2016 - 15:05


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    O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa foi um verdadeiro precursor do processo de criminalização no cenário político que vige hoje, fazendo uma devassa no Congresso com o célebre mensalão e descortinando a corrupção promovida também pelos empresários interessados em verem seus projetos aprovados. Joaquim Barbosa foi sim um José do Patrocínio, como primeiro negro indicado pelo governo ao STF, onde ele arrebatou o que havia de criminoso no processo político, mesmo sem este ainda ter terminado. Este mesmo Joaquim Barbosa descreveu, na quarta-feira (31), como "patético espetáculo" o "impeachment tabajara" de Dilma Rousseff. As declarações mostram que o Brasil pode estar caminhando para uma crise institucional sem previsão de consequências. Se confirmados futuros processos que hoje dizem fazer parte da montagem desse escândalo, melhor seria abrir as portas das cadeias do país, porque talvez esses presos de tostão sejam menos perigosos do que esses que fizeram com que o país tenha 19% de desempregados, vários estados atrasando pagamentos de seus servidores, e a maior empresa do mundo em petróleo, em termos de investimentos e prospecção, destruída. E agora tentam liquida-la como produto de feira livre, nem mais como um produto de mercado que eles tanto defendem. Ao ser passado a limpo, o resultado é que o país parece mais um mata-borrão.

  • Cidades do interior em tempo de Eleições - Por Irlando Oliveira

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    18/08/2016 - 10:11


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    Incrível como se altera o comportamento das pessoas quando chega o período das Eleições Municipais. E a situação fica ainda mais complicada nas cidades do interior, considerando o fato de quase tudo girar em torno da Prefeitura. Quanto menor a cidade, mais acirrada é a disputa para a composição do executivo e legislativo municipais.

    Nesses trinta anos de serviço, temos atuado em inúmeros pleitos eleitorais, os quais têm exigido da Polícia Militar uma postura cada vez mais séria e profissional, norteada sempre pelos ditames do Judiciário e Ministério Público eleitoral. Mas mesmo com tantas recomendações desses Órgãos, ainda assim nos deparamos com situações que exigem muito bom senso, objetivando a melhor solução para o problema, considerando a fugacidade do referido período e, acima de tudo, o pós período. Afinal, estamos e estaremos na mesma cidade!

     

    Candidatos e eleitores sempre buscam inculpar alguém ou algum Órgão, quer a PM, quer o Ministério Público, quer o Judiciário, quer seus titulares e auxiliares. Afinal... alguém tem que ser culpado de seus fracassos, insucessos e, quiçá, de suas derrotas.

    Sabemos, perfeitamente, o papel da Prefeitura nesse cenário, levando-se em conta, principalmente, a escassez de emprego. Mas temos que entender também que a disputa passará e deverão prevalecer as amistosas relações interpessoais, amigáveis, as quais fazem e devem fazer parte da vida interiorana. Cada facção deve fazer o seu papel, cumprindo as regras estabelecidas, dando o seu exemplo e, acima de tudo, emprestando o seu contributo a esse momento que consideramos o apogeu da democracia!

    Desta forma, esperamos dos candidatos essa conduta ética, pautada numa disputa saudável, permeada por propostas exequíveis, que possam arregimentar mais e mais eleitores, culminando com a tão esperada vitória.

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    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (PROAPEC), tendo proferido mais de 160 (cento e sessenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre segurança pública, violência em meio escolar, segurança nas escolas, drogas, bullying, dentre outros. Email: [email protected]

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  • Falando de Ibiassucê – Por Luzmar Oliveira

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    11/08/2016 - 20:00


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    Ainda menina, conheci Ibiassucê. Situada a nove "léguas" de Caetité, seu acesso era por uma estradinha de terra que se entroncava com a BR 430. Hoje essa estrada é a BA 617, e a distância entre as duas cidades é de 44 km.

    Ali morava a minha irmã mais velha, Lourdes (ou Madrinha Lourdes), casada com José da Silva Pinho. Eles tiveram oito filhos, sendo que o mais velho, Carlinhos, foi meu irmão de leite, ou seja, mamou em minha mãe na mesma época que eu.

    Tinham uma pequena fazenda na estrada de Caculé e moravam em Ibiassucê, à época, ainda vila (ou distrito). No quintal da sua casa havia uma coisa da qual jamais me esqueci, pois era, aos meus olhos de criança, linda! Era uma videira esparramada em um caramanchão de madeira ("latada"). Era delirante sua beleza. E tentadores seus cachos de uvas roxas. Quando ameaçavam amadurecer, minha irmã colocava um saquinho de pano muito limpo envolvendo-os, para protegê-los das intempéries, dos passarinhos... e de nós, crianças loucas para devorá-los! Como poderia esquecer esse quadro delicioso?

     

    No resto do quintal havia, além de hortas, muitas plantas ornamentais recheadas de cravos (que ficavam numa armação mais alta), dálias, rosas, margaridas, crótons e muitas outras.

    Ao fundo tinha um muro separando outra parte do quintal, onde se criava animais, como porcos e galinhas, além de uns dois ou três bodes e uma parelha de carneiros. 

    No beiral do telhado havia uma calha feita de flandres e uma bica para escoar a água da mesma. Embaixo dela, um Tonel de metal para aparar as águas das chuvas. Vou explicar melhor: Ainda não havia ali água encanada. A mesma era trazida de um rio que passava nos arredores. Mulheres e homens traziam em latas ou baldes, equilibrando-os na cabeça com uma rodilha ("Lata d'água na cabeça, lá vai Maria..."). Rodilha é um pedaço de pano enrolado em caracol, que se coloca entre a lata/pote e a cabeça. Lembram-se do ditado: "Vá procurar sua rodilha onde você quebrou o pote"?

    O precioso líquido também era conduzido em tonéis de madeira, sobre um carro também de madeira, puxado por uma parelha de carneiros.

    Na verdade, devido à diferença de idade entre mim e Madrinha Lourdes, seus filhos mais velhos eram como meus verdadeiros irmãos, pois crescemos juntos. Refiro-me a Carlinhos e Meire, meus companheiros de infância, meus amigos. A gente tinha uma relação normal, com brincadeiras e brigas também. Carlinhos era muito sério, mas Meire era alegre e brincalhona.

    Naqueles tempos todas as casas tinham, anexo à cozinha, uma "despensa", espécie de mine almoxarifado, onde se guardava os alimentos crus e as frutas, bolos e doces. No meio daquela, havia um girau feito em madeira. Em cima, durante todo o ano, encontrávamos muitas laranjas, bananas e melancias. Meu cunhado os comprava em quantidade, tipo "carro de boi fechado". Mas em dias de festa, as coisas mudavam. Sua carga eram bolos, biscoitos, doces e assados (frangos, lombos, leitoas). Ah! Dia de São João então... que delícia! Essa festa ali era tradicional, com direito às fogueiras, bombas, buscapés etc. Aliás, era sede de uma fábrica de fogos, a única da região.

    Quando minha irmã Yolanda concluiu o Curso Pedagógico, tornando-se professora, foi lecionar lá e passou a morar em casa de Madrinha. Apelidada familiarmente de Nenzinha, é minha madrinha - Dinha Nenza - e éramos muito apegadas. Sabe aquela irmã que cuida da mais nova desde bebê? Pois é. Preocupava-se com minha saúde, roupas, comidas, estudos, lanches... e adorava festejar meu aniversário, pois é uma boleira e doceira de primeira, além de artesã.

    Ela conta que ainda bebê eu era muito franzina mesmo. Mas muito esperta, vivaz. Então as amigas da minha mãe (que se chamava Ana Maria, mas tinha o apelido de Doninha), sempre diziam: "Doninha, essa menina não vai criar não! É muito miúda e ladinha!" Dai ela entrava em desespero e me levava para a Catedral, colocando-me aos pés de Santana e, chorando, pedia à santa para não me deixar morrer. E cá estou eu com mais de seis décadas de vida!

    Um lembrete: Madrinha Lourdes não era minha madrinha, mas, como caçula temporã, adquiri o hábito de chamar quase todas as minhas irmãs de Madrinha ou Dinha.

    Dinha Nenza arrumou um namorado por lá,Professor  José Pinheiro, e disso resultou casamento. Passei a visitá-los em todas as férias, passando ali pelo menos uma semana.

    Um detalhe sobre Ibiassucê: Todas as mulheres sabiam fazer bolos, doces, licores, costurar, bordar e fazer tricô e crochê. Em todas as casas havia toalhas e colchas maravilhosas. Tanto em crochê como em richilieu em linho. Engomadas e belíssimas!

    Creio ter sido a cidade onde vi mais mulheres prendadas em toda a minha vida.

    Por falar nisso, cadê o doce de leite de Dona Maria? Era feito em tabletinhos como a cocada. Leite puríssimo da vaca. Nunca mais comi outro igual! Lembro-me que uma garota saia vendendo-o em uma bandeja grande de alumínio. E ao vê-lo, meus olhos faiscavam de felicidade! Hum... que saudade!

    Adorava ir em casa dos sogros da minha irmã Yolanda. Dona Alice e Sr. Antoninho. Doces e serenos. Ela, miudinha. E as filhas que moravam com eles: Nita, Nãna e Lourdes e os filhos desta. Ali eu era tratada como uma rainha e degustava doces, bolos e biscoitos deliciosos!

    Ao lado da casa deles, havia um sobrado antigo (de Né Pinheiro) e muito bonito. Hoje é um prédio tombado e, salvo engano, no mesmo funciona a "Casa da Cultura". Também no mesmo estilo é o prédio da Prefeitura.

    Ao lado da escola onde minha irmã dava aulas, ficava a Igreja. Quantas novenas e quermesses vi ali! Todas comandadas por Detinho. Que saudade! Na quermesse, frangos assados e bolos eram enfeitados por recortes picotados de papel de seda colorido. Pareciam rendas. Lindos! As prendas eram doadas pelas famílias e arrematadas por quem "desse mais"!

    Vi o Distrito se tornar Município em 1962. Vi a campanha do seu primeiro prefeito, Benedito Nascimento, que teve como adversário o meu padrinho de batismo, Jorge Zeferino, que foi derrotado.

    A natureza foi pródiga naquele recanto. Além da belíssima lagoa, a flora e a fauna é abençoada. E por falar na flora, nunca vi umbus mais doces que aqueles. E o doce então... hummmm... que maravilha! Era famoso nos arredores! E quando chegava lá em casa, devorava fatias e fatias. Também o queijo e o requeijão, a manteiga de garrafa... Que bênção!

    Ibiassucê, para mim, era sinônimo de boa comida, boa acolhida, simplicidade. Não tinha padre e nem médico. Mas tinha Detinho que era diácono e dono de uma fabulosa mediunidade de cura. Conhecia os remédios naturais e alopatas como os melhores doutores, ou até muito mais! E era dono de um coração abençoado. Humilde, tratava a todos com carinho e praticava a caridade como só as grandes almas o fazem. Criou uma família unida e formou os filhos com dignidade, tendo dois grandes médicos, Dr. Roberto e Dr. Tadeu,  a seguir seu caminho e exemplo. O segundo foi um excelente prefeito daquela terra. Assim como Adauto.

    Saudades das férias da minha infância e pré-adolescência, naquela terra de mulheres abençoadas. Não só bordavam e faziam crochê, como falei acima, mas também eram divinas na cozinha. E em qualquer casa que a gente entrasse, era imediatamente convidada para degustar toda espécie de manjar caseiro. Povo hospitaleiro, simples e bom. Não é por acaso que a cidade hoje ostenta o título de CAPITAL DA AMIZADE.

    LUZMAR OLIVEIRA - [email protected] -WhatsApp: 71 991031847

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  • Uma sociedade refém do mal por Irlando Oliveira

    08/08/2016 - 23:18


    ARTIGOS

    A cada dia que passa sentimos o quão difícil tem sido viver neste mundo. Se por um lado os avanços da tecnologia e da ciência nos favoreceram, propiciando-nos conforto e bem-estar, por outro perdemos drasticamente, na medida em que vivenciamos momentos de tensão, medo e angústia, considerando a violência que permeia nosso dia a dia. 

    Mas será que deveremos ficar eternamente reféns do mal? Daqueles que usurpam aquilo que nos pertence, conquistado com nosso suor, simplesmente porque não encaram os desafios da vida? Ou porque "não tiveram oportunidade"? Inadmissível a situação vivenciada por nós, que temos ou buscamos ter uma vida digna, ante aqueles que se comprazem com o mal. Será que eles são, em quantidade, mais do que nós? Não acredito! A verdade é que vivemos em "guerra", tentando, a todo custo, nos livrar desses que compõem a escória social!

    O nosso sistema penitenciário não cumpre o seu real papel. A impunidade grassa em nosso país, estimulando o mal a continuar com suas mesmas práticas, a cada dia nos oprimindo. Até quando? 

    Não será, absolutamente, uma personalidade, uma pessoa, que irá mudar esse quadro, mas sim um novo sistema de defesa social, mais rígido, um tanto inflexível, através do qual cada pessoa má possa ser chamada à responsabilidade pelos seus atos. Há indivíduos que são, por assim dizer, irrecuperáveis! É preciso dizermos isso!

    É chegada a hora de mudanças drásticas! A começar pelo nosso ordenamento jurídico, como forma de combatermos efetivamente o mal, a maldade. Basta dizer que o nosso anacrônico código penal vige há mais de sete décadas, tempo suficiente para avaliarmos que nossa realidade difere, e muito, da época em que ele foi instituído. O que vemos na atualidade são instituições integrantes desse nosso sistema de defesa social que tão-somente têm "enxugado gelo".

    _____
    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (PROAPEC), tendo proferido mais de 160 (cento e sessenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre segurança pública, violência em meio escolar, segurança nas escolas, drogas, bullying, dentre outros.


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  • Necessidade de reconhecimento e valorização das Polícias

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    Por Irlando Oliveira*

    19/07/2016 - 23:23


    ARTIGOS

    Analisando a obra de Rousseau - O Contrato Social -, percebemos que aquele que fere o pacto social deve ser segregado. Contudo, em nosso país essa realidade está cada vez mais distante, considerando a política "assistencialista" voltada para o criminoso. E como se isso não bastasse, as investidas contra nós policiais estão cada vez mais acerbas, colocando-nos sempre na berlinda, numa situação de eterna suspeição. Sob o pretexto de defesa dos direitos humanos, tem sido recorrente a criação de mecanismos legais que favorecem aqueles que ferem o tratado social, em detrimento dos que os combatem. Em toda categoria profissional há aqueles que prestam bons e maus serviços. No universo dos policiais isso não é diferente! Agora... fazer da exceção a regra, termina por ofender aqueles que no dia a dia defendem a sociedade, com dedicação e denodo, mesmo com o risco da própria vida, conforme compromisso assumido por ocasião da conclusão do curso de formação policial a que foram submetidos. Nós, que integramos a sociedade, todos nós, indistintamente, devemos entender que a única barreira, o único obstáculo que existe entre nós e os criminosos é a POLÍCIA! O reconhecimento dos serviços prestados por esses profissionais de segurança pública representa, ao nosso ver, uma medida inteligente e, acima de tudo, um estímulo ao incessante combate,  principalmente considerando a atual conjuntura do nosso país, em que é visível o recrudescimento do crime! Preparada ou não, é a polícia que irá guerrear contra esses facínoras, os quais a cada dia nos fazem recuar, impedindo-nos de andar livremente pelas ruas, deixando-nos aturdidos e temerosos.

    Durante os mais de trinta anos de trabalho no campo da segurança pública, temos acompanhado, de perto, que, dificilmente, pessoas idôneas, íntegras, têm suas vidas ceifadas por criminosos, exceção feita àquelas vítimas de latrocínio. Temos constatado, sim, que, na maioria das vezes, criminosos matam criminosos, envolvidos todos eles com o narcotráfico, que se alastra trazendo sérios problemas à sociedade. As polícias têm se empenhado intensamente no combate ao crime, com todas as suas dificuldades - que não são poucas -, e o amparo da sociedade assume caráter relevante para o cumprimento de uma missão por demais espinhosa. Como Comandante de uma Unidade Operacional PM, temos percebido o esforço ingente de cada policial no sentido de cumprir a sua missão, em muitas das vezes valendo-se do seu período de folga e de descanso junto aos seus familiares. Assim, que possamos bradar, nos quatro cantos das nossas cidades, que temos uma POLÍCIA que nos é motivo de orgulho!

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (PROAPEC), tendo proferido mais de 160 (cento e sessenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre segurança pública, violência em meio escolar, segurança nas escolas, drogas, bullying, dentre outros. Email: [email protected]

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  • Vitórias e derrotas em nossas vidas

    Foto: Divulgação Foto: Divulgação
    Por Irlando Oliveira

    16/05/2016 - 10:53


    ARTIGOS

    Os embates diários da vida representam processos de crescimento espiritual, os quais nos levarão à vitória ou à derrota, dependendo das circunstâncias. Muitos que se dizem vitoriosos não o são, pois a nossa experiência, na indumentária carnal, será a resultante de uma gama de ganhos e perdas, de erros e acertos, os quais nos auxiliarão no nosso processo evolutivo.

     

    Na vida, tudo está fadado ao progresso. Não há lugar para involução; para retrocesso. No mínimo ficaremos num estágio estacionário; de estagnação. A cada amanhecer, renovam-se as nossas esperanças e perspectivas de avançar na senda do Bem, aproveitando cada segundo para esse desiderato nobre, sem o qual a nossa caminhada tornar-se-á assaz difícil, porque não dizer tormentosa.

     

    Abre-se, assim, espaço para uma reflexão mais acurada derredor dos nossos passos, das nossas atitudes. Enquanto estivermos neste mundo, dificilmente lograremos fruir uma felicidade plena, perene. Teremos, sim, momentos de júbilo, os quais deveremos saber aproveitar, já que representam um lenitivo para as nossas almas.

    A Terra ainda é um planeta cuja característica marcante é a de que o mal se sobrepuja ao Bem. Pelo menos, por enquanto. Assim como nós, os mundos também estão fadados ao progresso. O nosso Orbe outrora fora um mundo primitivo, caracterizado pela ausência de conforto, de tecnologia. Já avançamos demasiadamente, porém ainda há muito a fazer, de modo a concorrermos para esse progresso. 

     

    A vitória de hoje é fruto de uma árdua dedicação e empenho, pessoal, já que não podemos anelar o triunfo sem o devido esforço. Quando assim procedemos, ou seja, porfiando, o auxílio inevitavelmente vem do Alto, nos impulsionando a avançar rumo aos cimos da vida. 

     

    A derrota que ora se nos apresenta se traduzirá em mais uma experiência vivida, a qual balizará a nossa conduta para passos vindouros, acertados na maioria das vezes. Assim, não há vencidos! Não há derrotados! Há, sim, experiências positivas e negativas, fugazes!

     

    Não nos decepcionemos com a vida! Pelo contrário, aproveitemo-la enquanto estivermos na presente vilegiatura carnal. Dependendo do nosso caminhar, as adversidades aqui encontradas se transmudarão num conjunto de esforços no sentido de superá-las! Todas! Mesmo diante das inúmeras dificuldades! Desta forma, vitória ou derrota são duas fases distintas que permearão nossas vidas, levando-nos a um nível de discernimento, fruto de um tirocínio resultante de cada vivência aqui na Terra.

     


    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (Proapec), tendo proferido mais de 160 (cento e sessenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros.
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  • O deficit de efetivo nas Corporações PM e seu impacto no combate ao crime

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    Por Irlando Oliveira

    03/05/2016 - 18:24


    ARTIGOS

    Temos acompanhado, através dos vários grupos de "WhatsApp" que participamos, as inúmeras ações policiais-militares postadas pelos integrantes das Unidades Operacionais da Briosa Polícia Militar da Bahia, postagens essas conduzidas às vezes até em detrimento de um requisito essencial da atividade policial: segurança, considerando o fato de o registro fotográfico ser feito por componente da própria guarnição PM. É evidente o empenho de todas essas Unidades, quer na capital, quer no interior do Estado. Contudo, paradoxalmente, isso não tem sido suficiente para fazer frente à criminalidade infrene que grassa e medra no Estado berço do Brasil.

     

    No último dia 22 de abril, empós a data em que se comemora o dia do Patrono das Polícias Militares do Brasil - O Tiradentes -, em pleno "feriadão", ficamos um tanto perplexos com o que sucedeu na cidade de Barrreiras, extremo Oeste baiano, 900 Km da capital. Na madrugada, inúmeros assaltantes isolaram alguns quarteirões da cidade, por ocasião da investida que fizeram contra a empresa de segurança Prosegur, havendo, inclusive, troca de tiros contra a PM local. O que nos causou espanto foi o fato de aquela cidade dispor de uma razoável estrutura de defesa social, voltada à Segurança Pública, e, ainda assim, foi alvo de tal ação criminosa.

     

    Sabemos, perfeitamente, que a impunidade tem seus cruéis reflexos em qualquer sociedade, concorrendo para o substancial aumento dos delitos. Aliado a isso, percebe-se que os criminosos estão desafiando aqueles que mourejam na seara da Segurança Pública, investindo contra as forças policiais, destemidamente, numa intrepidez sem precedentes, exigindo, cada vez mais, posturas de inteligência e reativas da ação policial, de modo a fazer frente ao combate beligerante incessante.

    As forças policiais no país têm perdido inúmeros servidores, pelos vários motivos - reservas (aposentadorias), reformas, demissões, baixas outras -, sem a devida reposição, alegando sempre os governantes o problema do contingenciamento de recursos, dentre outros, esquecendo-se - ao que parece - que a população tem crescido vertiginosamente, juntamente com o crime, o qual tem recrudescido.

     

    Desta forma, não bastam - pelo visto - as inúmeras operações desencadeadas pelas Unidades PM, divulgadas através das postagens que pululam nos grupos do "WhatsApp" que acompanhamos. Temos, afinal, sim, que, além de todas essas ações, pugnar pelo aumento das hostes que compõem as Corporações, permitindo uma maior e melhor pulverização da ação policial-militar, como forma de marcarmos a nossa presença principalmente nos inúmeros locais que consideramos como pontos sensíveis/críticos - os quais têm aumentado, sobremaneira, em razão da gritante desigualdade social -, a fim de inibir a ação delituosa e termos êxito na nossa missão.

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (Proapec), tendo proferido mais de 150 (cento e cinquenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros.

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  • A violência nas cidades do interior e a nossa participação para contê-la

    Por Irlando Oliveira

    08/03/2016 - 14:42


    ARTIGOS

    Um dos fatores que contribuíram e ainda contribuem, decisivamente, para o aumento da violência e, via de consequência, da criminalidade, nas cidades, tem sido o narcotráfico. E isso não representa um problema adstrito das megalópoles; tem atingido, também, as cidades do interior, de pequeno e médio portes. Aliado a isso, percebemos que a desigualdade social gritante, tão característica dos países em desenvolvimento, vem oferecendo a sua parcela de contribuição como geradora dessa violência.

     

    As drogas têm-se disseminado pelo mundo com uma velocidade incomensurável, apesar de ser tão reprimida pelas forças policiais. O seu agravante decorre na medida em que se instala o vício no usuário. Diante da sua falta, surge a crise de abstinência, que tem sido um verdadeiro martírio por parte daqueles que dela padecem, pois, diante da carência de recursos financeiros para a aquisição da droga, os viciados farão de tudo para a conseguirem, se permitindo à prática do furto, do roubo e, até mesmo, do latrocínio.

     

    Percebemos que nós - todos nós - ainda não nos demos conta de que a nossa saudosa cidadezinha do interior, a qual antes era tranquila, na atual conjuntura não mais apresenta os mesmos aspectos que a diferenciavam das megalópoles. Ainda remanescem em nós e nos nossos conterrâneos os mesmos hábitos de outrora, nos permitindo, ainda, a deixarmos a chave na ignição do veículo quando adentramos em casa; a andarmos, despreocupadamente, nas ruas e avenidas; a carregarmos uma quantia substancial de dinheiro no bolso ou na carteira; a fazermos a feira no mercado municipal sem nos darmos conta de que podemos estar sendo observados por algum criminoso que intenta fazer um pequeno furto, dentre tantos exemplos que poderíamos aqui registar.

     

    O fato é que, se atentássemos para uma postura que não ensejasse o nosso descuido para que fôssemos vítima de alguma ação criminosa, certamente estaríamos oferecendo o nosso contributo à sociedade, entendendo, acima de tudo, que segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos nós, como apregoa a nossa Carta Magna de 1988.

     

    As polícias, por si mesmas, não têm condições de fazer frente a tantas demandas de segurança pública! Apesar das inúmeras ações policiais, os dados estatísticos nos sinalizam que os avanços têm sido insignificantes. Há muito a fazer! É preciso que entendamos que segurança pública não se faz tão-somente com polícia! Faz-se com o estabelecimento de parcerias! E, nesse sentido, cada um de nós tem que se ver como co-partícipe do processo de segurança, oferecendo às polícias subsídios para um melhor planejamento da ação policial, denunciando as ações ilícitas, investindo em aparato tecnológico de segurança nas nossas casas e estabelecimentos, dentre outros aspectos, como forma de buscarmos atenuar esse quadro crítico que caracteriza os nosso dias.

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (Proapec), tendo proferido mais de 150 (cento e cinquenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros.

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  • Drogas no Brasil: descriminalização?

    Por Irlando Oliveira

    05/03/2016 - 21:05


    ARTIGOS

    “A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas”. Sigmund Freud

     

    A discussão acerca da descriminalização das drogas no Brasil, principalmente no que respeita à maconha (cannabis sativa), enseja muitas reflexões, cujos desdobramentos não nos remetem a uma conclusão definitiva. Em razão da ilegalidade das drogas no nosso país – à exceção do álcool e do tabaco (nicotina), cujos malefícios à sociedade são bem acentuados –, as polícias militares vêm atuando nas atividades de prevenção e repressão ao narcotráfico, esta última trazendo sérios danos ao tecido social, uma vez que, com esse trabalho, não há como não interferir no dia a dia dos brasileiros, gerando medo, ansiedade e augústia, já que seus reflexos terminam por atingir, em muitas das vezes, pessoas inocentes, as quais não têm qualquer relação com o problema.

     

    Estudos nos dão conta de que o lucro proveniente do tráfico de drogas se dá não em razão da sua exploração, mas sim em decorrência da sua ilegalidade. Aquilo que é ilícito é mais caro! Disso resultam as cifras vultosas movimentadas pelo narcotráfico. Além do mais, dependendo da região, há todo um “filtro” por parte daqueles que promovem o tráfico, como forma de se oferecer aos usuários uma droga cuja comercialização seja mais rendosa. Para dimensionarmos melhor esta situação, aqui na região (oeste e sudoeste baiano), a droga mais encontrada é a cocaína, e os traficantes fazem de tudo para que o crack não chegue aqui, pois este possui um valor comercial muito aquém em relação àquela.

     

    Há uns dois anos, na cidade de São Paulo, acompanhamos, pela mídia, a “marcha da maconha”, a qual se apresentou na Avenida Paulista como uma verdadeira apologia ao uso da erva e, via de consequência, como um verdadeiro brado à sua descriminalização. Se discute a situação de forma açodada, como se tratasse de algo comezinho, quando, na verdade, este assunto exige uma análise mais acurada. Para melhor avaliarmos o quadro, lendo um artigo do médico psiquiatra, doutor em medicina, Guilherme Messas, na revista Mente e cérebro, denominado “O poder da química sobre as emoções”, pudemos constatar que, mesmo a maconha, em uma única utilização (processo de início agudo), poderá causar ao usuário uma doença mental irreversível/incurável, estabelecendo o autor que “é curioso que nas discussões que a sociedade mantém sobre maconha, pouco se fale sobre esse fato clínico que, ainda que raro, é lancinante para pessoas e famílias que dele padecem”. Outra pesquisa recente sobre drogas, envolvendo a cocaína, divulgada pela BBC, levada a efeito na Universidade da Califórnia (EUA), pela equipe da pesquisadora Dr.ª Linda Wilbrecht, professora assistente de psicologia e neurociência da citada Unidade de Ensino Superior, na cidade de Berkeley, dá-nos conta de que a referida droga pode mudar a estrutura do cérebro poucas horas após ser consumida. Através de pesquisas com camundongos, ela testificou esta situação.

     

    Analisando as experiências vividas por algumas nações, acerca da descriminalização ou criminalização das drogas, segundo estudos da pesquisadora Alba Zaluar, livre-docente pela Unicamp/SP, a Inglaterra foi o primeiro país europeu a implantar uma política de prescrição médica de drogas, além de seringas e agulhas para doses endovenosas, por clínicas autorizadas, como forma de se controlar os riscos de infecção e a delinquência associada ao tráfico. Em razão disso, aquele país apresenta uma crescente preocupação proveniente da liberação das drogas. Sinaliza a ilustre pesquisadora, também, que a Suíça, desde 1988, vem distribuindo utensílios aos seus viciados para doses endovenosas, permitindo, inclusive, que uma de suas praças se tornasse espaço aberto e inteiramente livre ao uso de qualquer droga, como forma de se controlar o número de viciados, eliminar o tráfico e quebrar a cadeia de contaminação do vírus da AIDS. Em 1992, em razão do alarmante número de viciados, aliado aos inúmeros óbitos por overdose, deixa a Suíça a política da liberação para entrar na da descriminalização controlada pela medicalização. Países como a França e os Estados Unidos, assim como o Brasil, mantêm uma política de repressão ao narcotráfico, sendo ela ainda mais recrudescida no país norte americano, insistindo, todos eles, em atacar o efeito e não a causa do problema.

     

    Entendemos, por outro lado, que droga, no que tange ao consumo, representa um problema cultural no mundo, já que, se uma é legal em um país, em outro é ilegal, a exemplo do álcool que é uma droga lícita no Brasil, porém ilícita no Afeganistão, devido à cultura islâmica daquele país. Da mesma forma que a maconha é ilegal aqui no Brasil, e legal no Afeganistão e na Holanda, por exemplo. E falando do álcool, nos perguntamos: como essa droga está arraigada na estrutura social do Brasil, para não falarmos do mundo?

     

    O certo é que a criatura humana, de um modo geral, é ávida pela busca do prazer e, nesse sentido, as drogas representam um campo fértil; contudo, um caminho quase que sem volta! Nos permitimos a uma filosofia de vida hedonista, em detrimento da real busca da nossa felicidade, do nosso existir! O curioso é que, de tudo que já lemos sobre compostos psicoativos, chamados vulgarmente de drogas, ainda não nos deparamos com algo que nos tenha dito que o consumo de drogas nos faz bem!

     

    Na atualidade, alguns adeptos da maconha, principalmente, cujo efeito da droga é alucinógeno, já pensam na potencialização de uma alucinação, utilizando, por exemplo, a ayahusca (bebida feita à base de um cipó de uma árvore da Amazônia e usada em rituais religiosos no Brasil [Igreja do Santo Daime]). No que diz respeito à cocaína, crack e oxi, drogas extraídas da pasta básica da coca, estudos comprovam que a sensação de prazer obtida por essas drogas é traduzida através do seu princípio ativo, que é o cloridrato de cocaína, o qual, chegando ao cérebro, libera a dopamina, que é um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar. Vale dizer, a dopamina é liberada naturalmente pelo nosso organismo através da comida e do sexo (alimentação e reprodução, imprescindíveis à manutenção da espécie humana).

     

    Um grave problema enfrentado pelos dependentes das drogas, e que tem perturbado a sociedade, tornando-a mais e mais violenta, é a crise de abstinência, estabelecida diante da ausência da droga no organismo do usuário. Em razão dela, muitos viciados têm se permitido à condição de réus primários, já que, não tendo condições de manter o vício, parte para o crime – roubando, furtando, matando –, como forma de se obter o recurso para a aquisição da droga.

     

    Outra análise que devemos fazer é que alguns estudiosos defendem a descriminalização das drogas – no tocante ao usuário – pelo fato de o seu consumo estar diretamente associado ao direito civil (privado), e não ao direito penal, já que este não pode ter por objeto condutas estritamente privadas. Lembramos, também, que a Lei Antidrogas (11.343/2006) é bastante suave em relação ao usuário e severa em relação ao traficante.

     

    Desta forma, pensamos ser a descriminalização das drogas no Brasil algo bastante difícil de ser digerido pela sociedade, já que as drogas lícitas álcool e cigarro por si só já acarretam inúmeros problemas de saúde pública, dentre outros, sinalizando-nos, desde já, que não é o fato de se buscar legalizar determinada droga que resultará num quadro mais atenuado. Só nos resta evocar o pensamento do filósofo francês René Descartes, quando teve a oportunidade de dizer que "não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis".

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora.

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  • O diagnóstico e as diferentes formas do autismo

    03/03/2016 - 19:36


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    Todo problema com a saúde precisa ser analisado para receber um diagnóstico correto para, assim, iniciar um tratamento. Da mesma forma, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) deve ser avaliado também de maneira séria e criteriosa. Por isso, é necessário que os pais compreendam bem as características do TEA para ajudar seus filhos. Pois, segundo o neuropediatra Dr. Clay Brites, da Neuro Saber, o grande obstáculo na vida de crianças e adolescentes autistas é justamente a falta de conhecimento da própria família. 

     

    Para o especialista, a desinformação faz com que esses pacientes sejam mal interpretados, causando sofrimento deles e também dos responsáveis. Pais e mães devem entender que as particularidades do transtorno são passíveis de condução no cotidiano por meio de estratégias de linguagem e de autodefesa. “É preciso melhorar as condições deles para proporcionar o máximo de autonomia na vida social e escolar e, mais tarde, na faculdade e no trabalho”. 

     

    Por esse motivo, o profissional diz que a prevenção está na constante busca de informações corretas e atualizadas. Ele explica que quando parentes e professores estão cientes de tudo o que envolve o TEA, fica mais fácil para resolver possíveis problemas como, por exemplo, no relacionamento em sala de aula e também nas formas de intervenção em casa.

     

    Segundo o neuropediatra, poucas pessoas sabem que há diferentes classificações identificadas pela intensidade do autismo, como, por exemplo, leve, moderada e severa. Elas são definidas pelo grau de comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor, das questões adaptativas, nível de dependência e necessidade de intervenções para obter mínima funcionalidade. “Também é preciso levar em conta as comorbidades, ou seja, transtornos adicionais que podem ser apresentados pelo paciente. A proposta da avaliação é sempre para identificar suas dificuldades e buscar meios para ajuda-los”.

     

    Entre as categorias, há a chamada de Síndrome de Asperger. Trata-se de uma condição mais leve dentro do espectro. Nela, o comprometimento poupa, de certa forma, a inteligência e a linguagem. “Eles têm uma maior funcionalidade e mais autonomia para se adaptar aos desafios sociais e acadêmicos quando comparados com outros tipos”.

     

    - Mesmo assim, eles apresentam restrições visíveis: na forma de falar, de expressar emoções, de entender linguagem subliminar e processos de comunicação que dependem de mecanismos não-verbais, como gestos, expressões faciais e mudanças de tom da voz, com tendência a intelectualização e racionalização de tudo, além de exagerado interesse por determinados assuntos – relata. 

     

    Esse tema será apresentado pelo Dr. Clay Brites durante o ConAutismo, Congresso Nacional e On-line Sobre Autismo, que acontece dos dias 14 a 20 de março. O evento gratuito conta com a participação de médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, terapeuta ocupacional, pais e familiares, organizações e associações. Durante sua palestra, ele trará ao público detalhes sobre os sinais, os sintomas e o manejo do tratamento do Transtorno de Asperger.

     

    O Neuropediatra esclarece que os pacientes com essa síndrome podem ser independentes e levar uma vida normal, mas precisam ser treinados na infância e na adolescência a adquirirem maior "esperteza nas relações sociais. Dessa forma, eles podem aprender melhor regras, rotinas e meios de comunicação mais compreensíveis para saber compartilhar informações e assumir mais competências para conviver melhor com seus pares. “Por esse motivo, é extremamente necessário que a família estude profundamente todas as características envolvidas no tipo de TEA do filho, além de buscar um diagnóstico correto”.

     

    - Assim, os profissionais de saúde e educação, que tenham se especializado no manejo desta condição, podem buscar as melhores formas de ajudar o autista a superar as dificuldades causadas pelo TEA e encontrar meios para a socialização da criança e do adolescente. Esse apoio é fundamental para que eles tenham uma vida normal, apesar dos obstáculos provocados pelo transtorno - conclui.

     

    Sobre o especialista

     

    Um dos idealizadores da Neuro Saber, Dr. Clay é pesquisador e doutorando do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos de Atenção (Disapre), da UNICAMP. Além disso, é professor do curso de pós-graduação de Neuropsicologia Aplicada à Neurologia Infantil na Unicamp e membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Paranaense de Pediatria.

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  • Segurança Pública: um dos pilotis de sustentação de qualquer sociedade

    Por Irlando Oliveira

    03/03/2016 - 08:48


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    Toda sociedade organizada se sustenta sobre três pilotis básicos: saúde, educação e segurança. Um está umbilicalmente ligado ao outro; interdependentes. A ausência de qualquer desses sustentáculos representará, indubitavelmente, a bancarrota do tecido social, cujos reflexos abalarão sua estrutura, concorrendo para o caos social.

     

    Em razão do considerável aumento da população do planeta, desafios novos vêm exigindo posturas também inovadoras por parte de cada um desses segmentos, como forma de cumprir seus desideratos.

     

    No que tange à segurança pública, a situação não tem sido diferente. Para dimensionarmos melhor esse caos social, porque passam as comunidades, a população do planeta na era cristã representava aproximadamente 300.000.000 (trezentos milhões) de habitantes; hoje, somos mais de 7.000.000.000 (sete bilhões). Só nós, brasileiros, já somamos mais de 200.000.000 (duzentos milhões) de seres, ou seja 2/3 (dois terços) da população mundial da era referida.

    Ora, se naquela época já havia inúmeros problemas, segundo o legado histórico, imaginemos hodiernamente, com essa quantidade colossal de habitantes. Um dado importante, que não podemos esquecer, consiste no fato de que, naquela ocasião, as forças policiais não eram para atender às necessidades do povo, mas do Império, daqueles que o compunham. E isso tem um peso bastante significativo no que diz respeito à forma de policiar, já que, nas democracias, as polícias devem ver no outro, via de regra, não um oponente, mas um cidadão, com direitos e deveres garantidos constitucionalmente.

     

    No planejamento da ação policial se discute demasiadamente sobre a quantidade ideal de PMs para policiar cada comunidade. Contudo, isso é algo repleto de nuances, as quais perpassam pela educação de seu povo, nível de desigualdade social, crimes comumente praticados, respeitabilidade e capacitação da força policial, proibição de determinados compostos psicoativos (drogas), impunidade, dentre outros.

     

    A verdade é que, no Brasil, e mais precisamente na Bahia, local onde atuamos, as hostes que compõem a Corporação PM têm sido insuficientes para atender a demanda cada vez mais crescente da segurança pública, considerando a dinâmica da criminalidade, azeitada por um componente perturbador, que tem afetado as comunidades: as drogas. Percebemos, de forma cristalina, que a maioria dos crimes que temos acompanhado tem ligação com o narcotráfico. Já escrevemos, noutra oportunidade, sobre a discussão em torno da descriminalização das drogas, e pudemos inferir o quão complexo tem sido esse debate. O certo é que isso tem impactado os policiamentos das cidades, em razão dessa "rede maléfica" à sociedade, a qual, a cada dia, tem cooptado pessoas para ampliar a sua ramificação - devido, principalmente, à escassez de empregos, aliado à "facilidade" de ganhar dinheiro quase que sem nenhuma instrução -, disseminando terror e fomentando o vício e a dependência.

     

    Desta forma, competirá aos gestores policiais, diante das suas dificuldades, criarem mecanismos que possam fazer frente a essa demanda crescente e complexa da segurança pública, mas também caberá a cada cidadão emprestar o seu contributo, fazendo a sua parte, evitando conflitos, assumindo suas famílias, orientando sua prole, entendendo, acima de tudo, que segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos, como forma de robustecermos esse piloti, o qual periclita na atualidade.

     

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). Já proferiu mais de 150 (cento e cinquenta) palestras abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros. Email: [email protected]

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  • A importância da imposição de limites na nossa educação

    Por Irlando Oliveira

    28/02/2016 - 20:36


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    O processo educacional perpassa, necessariamente, por três fases distintas, interdependentes, complementares e intimamente ligadas: Família, Escola e Sociedade. A primeira é responsável por imprimir no ser em formação os princípios elementares da educação. Assim, as noções de regras, de limites e de normas devem prevalecer, de modo a facultar no indivíduo o entendimento e o discernimento de que na vida tudo é regido por mecanismos balizadores de conduta, os quais, se perseguidos e incorporados, nos conduzirão a um convívio social agradável, respeitador e harmonioso.

     

    A segunda fase - a Escola - compõe o cenário do educando, vez que ensejará ao mesmo uma convivência em um ambiente completamente diferente daquele vivenciado no seio do lar, considerando uma mescla de personalidades diferentes daquelas encontradas na Família: pai, mãe, irmão e/ou irmã. Desta forma, o ambiente escolar é portador de uma função social importantíssima, habilitando o discente para o convívio social.

     

    A Sociedade traz, por sua vez, o fechamento do ciclo do processo educacional, apresentando a todos nós o pacto a ser seguido - através das leis -, o qual norteará a nossa conduta enquanto cidadãos. Assim, guardadas as proporções, a penalização ante o ato desviante constatado pelos pais no seio do lar, apresentada através de um "castigo", pode ser constatada, também, no ambiente escolar, diante de um ato de indisciplina, o qual será punido através de uma suspensão temporária, culminando, na sociedade, com a pena de prisão, por exemplo, ante um ato criminoso. Há uma escala gradativa de punições, por assim dizer, crescente, envolvendo o ambiente familiar, escolar e social. Disso resulta a importância da imposição de limites ao ser em formação, desde tenra idade, como forma de prepará-lo para o cumprimento das suas obrigações e do seguimento dos ditames formais que regulam qualquer sociedade organizada.

     

    Incontestavelmente, a educação que dispensamos aos nossos filhos terá seus reflexos na sociedade. Se o nosso pequenino tem um bom comportamento em casa, certamente o terá no ambiente escolar e, via de consequência, na sociedade. Se não desejamos ver nossos rebentos desencaminhados na vida, que façamos a nossa parte, arrostando os ministérios da paternidade e da maternidade com afinco e denodo, como forma de emprestarmos o nosso contributo ao tecido social.

    * Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (Proapec), tendo proferido mais de 150 (cento e cinquenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros.


    Email: [email protected]

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  • Opinião - Retrocesso jamais, pra frente é que se anda!

    17/01/2016 - 12:38


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    Entre o final dos anos 70 e inicio dos anos 90, Guanambi experimentou o boom do ciclo dourado do algodão; período em que muitos fazendeiros, agropecuaristas, políticos e empresários multiplicaram por milhares de vezes seus patrimônios; surgiram então os bairros nobres, as mansões e casarões cinematrográficos; mas multiplicaram também as residências humildes, os bairros pobres, um cinturão de pobreza, formado pelos trabalhadores de outros pontos do país que vieram atraídos pelo progresso anunciado do ouro branco. 

     

    As mais de trinta usinas de algodão aqui instaladas, de uma hora para outra saíram desmontadas nas carrocerias dos caminhões; as maiores empresas, inclusive de alguns políticos, bateram em retirada para o oeste da Bahia e para o Matogrosso; os aviões foram voar noutras bandas e o nosso movimentado aeroporto, que tinha inclusive vôos diários, praticamente fechou. Para Guanambi, como herança, restauram os problemas estruturais sérios e o desafio de sobreviver através de uma nova matriz econômica: o comercio. Para piorar a situação, o poder político ficou nas mãos de um líder centralizador, arrogante e dominador; que por quase trinta anos submeteu Guanambi ao mais perverso e cruel isolamento político, impedindo que as obras e empreendimentos importantes dos governos estadual e federal chegassem até aqui e forçando inclusive que as sedes de órgãos de ação regional se instalassem em Brumado ou em Caetité.

    Contrariando essa lógica absurda, o comércio reagiu, cresceu, diversificou; pela força da necessidade, surgiu e fomentou rapidamente a indústria de prestação de serviços; foram chegando as especialidades medicas, a escolas, faculdades e a iniciativa privada fez de Guanambi um pólo de convergência regional, atraindo mais trinta municípios da região sudoeste e norte de Minas. Inconformada com essa situação de dominação política as avessas, a juventude aguerrida de Guanambi sempre esteve na vanguarda dos que sonhavam com uma cidade moderna, bem estruturada, desenvolvendo e correspondendo com o esforço do seu povo. Lideranças como Paulo Costa, Vitor Bonfim, Ivana Bastos e Charles Fernandes, conseguiram nos últimos, arregimentar grandes votações e dão a tônica do novo momento que o município passou a experimentar. Coube a Charles Fernandes ainda como vice prefeito, ao assumir o comando do município, romper com a estrutura apodrecida do grupo a que pertencia, se aliar com o governo do estado e o governo federal, colocando Guanambi no alcance dos grandes projetos, obras e empreendimentos; bastou esse gesto de coragem e boa vontade do jovem prefeito, para que todas as políticas públicas de governo fossem realçadas e potencializadas no município.

     

    A política de parceria, advento maior dos tempos modernos, tem sido a receita preferida pelos lideres inteligentes que não querem o poder para si, mas querem trabalhar com o povo ouvindo as suas necessidades e realizando as obras verdadeiramente necessárias. Ao abraçar todas as correntes do pensamento político alinhadas com o governo; Charles distanciou do seu ex-líder e das práticas políticas avessas ao desenvolvimento. Não é por outra razão que Guanambi nos últimos cinco anos experimentou o maior ciclo de desenvolvimento de toda sua história, com a administração batendo recorde de realizações em todos os segmentos; resgatando por exemplo, na área de pavimentação de ruas e construção de praças, uma dívida social que parecia impagável.

     

    Não é por outra razão que a cidade coleciona uma vitória após a outra, e foi confirmada como a cidade que mais desenvolveu na Bahia em 2015. Quem ama Guanambi quer vê-la assim, desenvolvendo e sendo feliz e não entregue nas mãos de quem quer jogá-la de novo no isolamento e no abandono. Chega de retrocesso, pra frente é que se anda!


    Por: Jose Roberto Teixeira

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