Sudoeste Notícias

A mulher possui enorme importância em nossas vidas. Elas se destacam pelo que fazem e pelo que são. Mães, empresárias, donas de casa, esposas, bombeiras, enfermeiras, religiosas, enfim, uma infinidade de funções que elas exercem, com delicadeza e doçura, fazendo do mundo um lugar melhor para se viver. Porém, fica a pergunta? O que está acontecendo para que as mulheres sejam agredidas e mortas diariamente por seus companheiros? Há motivos para as mulheres comemorarem o seu dia? É aterrorizante o número de mulheres que são mortas e/ou agredidas constantemente. Só nesta semana, dois casos chocaram o Brasil. O primeiro, da jovem Isabela que foi queimada viva por seu companheiro que viu o seu cunhado, nu, ao lado da moça que dormia num dos cômodos da casa onde, supostamente a vítima foi abusada sexualmente pelo homem. Isabela não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã desta quinta-feira (7). O segundo caso aconteceu em Salvador na manhã nesta quarta-feira (6). A jovem, que também se chama Isabela, foi golpeada com 78 facadas, num crime encomendado pelo próprio namorado da vítima, que acompanhou tudo dentro do carro. A ordem que foi dada pelo namorado de Isabela era que só parasse de esfaquear quando a pobre moça morresse. Isabela conseguiu sobreviver por que se fingiu de morta e foi abandonada às margens da BR-324, em Simões Filho. Porém as facadas fizeram com que Isabela perdesse a visão de um olho. O motivo para tal barbaridade: o rapaz não aceitava o fim do relacionamento, que já era rodeado de inúmeras brigas. Não há o que comemorar neste Dia da Mulher. Os casos que citamos, são os que a imprensa tem acesso. E os que não vemos? Como fica? O Ministério dos Direitos Humanos divulgou, em Agosto de 2018, um balanço feito através do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, no período de Janeiro a Julho daquele ano. Os dados são chocantes. De janeiro a julho de 2018, o Ligue 180 registrou 27 feminicídios, 51 homicídios, 547 tentativas de feminicídios e 118 tentativas de homicídios. No mesmo período, os relatos de violência chegaram a 79.661, sendo os maiores números referentes à violência física (37.396) e violência psicológica (26.527). Entre os relatos de violência, 63.116 foram classificados como violência doméstica. Os dados abrangem cárcere privado, esporte sem assédio, homicídio, tráfico de pessoas, tráfico internacional de pessoas, tráfico interno de pessoas e as violências física, moral, obstétrica, patrimonial, psicológica e sexual. 

Em entrevista ao Sudoeste Bahia, a estudante de Direito, Ivani Andrade, reforça que não há muito que comemorar neste Oito de Março.  “Será que realmente temos o que comemorar? A violência contra mulher só aumenta. O índice de feminicídio em 2019 já é um dos mais altos do país. Já foram mais de 50 casos de feminicídio e só estamos no primeiro semestre do ano. Todos os dias a violência só cresce. As estatísticas apontam para mortes e violência pelo simples fato de sermos mulheres”, pontua a futura bacharela em Direito. Andrade ainda diz que violência não é só a física. Mas o que é a violência contra mulher?  E quais os crimes que tipificam violência?  Física: empurrar, chutar, amarrar, bater, violentar. Psicológica: Humilhar, insultar, isolar, perseguir, ameaçar; Moral: Caluniar, injuriar, difamar; Sexual: pressionar a fazer atos que você não goste, ou negar o direito de usar qualquer contraceptivo; Patrimonial: reter o seu dinheiro, destruir ou ocultar seus bens, proibir trabalhar.” Por outro lado, Ivani aponta que houve significativas conquistas, principalmente no campo jurídico. “Tivemos grandes avanços processuais penais, nas leis que nos defendem. Hoje, um processo não depende mais da retirada da queixa na delegacia pela vitima. O próprio delegado pode representar e apresentar denúncia no Ministério Público, para que esse agressor responda pelos seus crimes.” E finaliza. “Devemos comemorar o Dia da Mulher com a nossa força, não se acovardar, se desprender do agressor e dar um basta. Comemorar o Dia Internacional Da Mulher e termos todos os dias um feliz dia da mulher!”