“Os agricultores também já foram contemplados com um sistema moderno por microaspersão, constituído de reservatório, com ponto de energia elétrica e sistema de adução próprios do irrigante, individualizado, que leva a água até os cultivos”, completa Hudson Faria. Localizado no Médio São Francisco baiano, o projeto Ceraíma possui 112 famílias de agricultores familiares e mais 16 usuários externos. A área irrigada alcançará no máximo 750 hectares. “A fruticultura era muito forte aqui, vendíamos para vários lugares, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. Não tenho dúvidas que vamos voltar a gerar empregos porque já mostramos no passado, quando tínhamos um sistema de irrigação ultrapassado. Imagine agora com um sistema moderno. Espero que daqui a um, dois anos, possamos mostrar que os R$ 16 milhões foram bem aplicados. E Ceraíma será também exemplo para os outros perímetros irrigados da Codevasf”, afirma o produtor Vanderlei dos Santos. A modernização do sistema de irrigação do projeto foi realizada pela Codevasf após a solicitação dos agricultores familiares. Segundo o gerente regional de Irrigação da Companhia, a partir da década de 1990, com o crescimento da cidade de Guanambi, houve a necessidade de usar água da barragem de Ceraíma para o abastecimento humano na zona urbana do município e de outras cidades circunvizinhas. Além disso, com a seca que assolou a região Nordeste, o barramento teve sérios problemas, chegando ao completo esgotamento. “Em agosto de 2008, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ministério Público Federal suspenderam o fornecimento de água para irrigação, priorizando, como manda a lei, o abastecimento humano. A partir daí, o projeto deixou de ser produtivo. À exceção de alguns produtores que conseguiram perfurar poços e outros que utilizaram cacimbas. O sistema de condução construído há mais de 30 anos, sem o uso e a devida manutenção, foi sendo danificado, até que não permitiu mais que fosse feita a adução de água”, conta Hudson Faria. “Quando acabou a água, ficou todo mundo de pés e mãos quebrados. A gente não sabia fazer outra coisa. Foi um prejuízo muito grande para Ceraíma, Guanambi e toda a região. Porque a produção de Ceraíma abastecia cerca de 50% do mercado de Guanambi. E mandava banana, manga, feijão, algodão, tudo que já foi produzido aqui, para tudo quanto é lugar. Eram muitos caminhões. Ninguém ficava sem serviço. Muita gente não acreditava que essa condição pudesse voltar. Para quem não acreditava, está na hora de vir aqui e ver”, comemora o produtor Lindevaldo Santos. Sobre o projeto: O Projeto Público de Irrigação Ceraíma foi implantado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) no final da década de 1960. O objetivo era aproveitar, para fins de irrigação, o volume de água reservado da barragem de Ceraíma, construída sobre o Rio Carnaíba de Dentro. O barramento – com capacidade para 51 milhões de metros cúbicos (originalmente o volume era de 58 milhões de metros cúbicos) – foi concebido a fim de desenvolver o vale com a agricultura irrigada. Em 1975, a Codevasf assumiu o projeto. Inicialmente, a produção era destinada a culturas de ciclo curto, como feijão, arroz, algodão. Na década de 90, os produtores passaram a priorizar a fruticultura irrigada, focando, principalmente, na bananicultura.
20/01
carlos henrique