• Estudante montealtense tem matrícula cancelada na UFBA por irregularidades na documentação

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    Por Marcos Oliveira & Vilson Nunes

    21/06/2016 - 11:47


    EDUCAÇÃO

    A estudante Catiana Pinto dos Santos, natural do município de Palmas de Monte Alto (BA), teve a matrícula no Curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Anísio Teixeira, em Vitória da Conquista, cancelada, após denúncia do movimento quilombola, o qual informou que houve irregularidades na documentação da estudante que declarou-se quilombola e ocupou vaga destinada a pessoas remanescentes destas comunidades. Segundo o Conselho Quilombola, a Juventude Quilombola e o Pré-Vestibular Quilombola, a estudante teria solicitado documentação a lideranças quilombolas da comunidade do Mari, em Palmas de Monte Alto, alegando ter vínculos familiares na localidade. “Ao sair o resultado, no dia 1º de março, logo tentamos localizar cinco nomes não reconhecidos aqui no Território [de Conquista], dentre os aprovados nas 14 vagas (2 por curso) para indígenas e  quilombolas, no Campus Anísio Teixeira”, explicou Flávio Passos, coordenador do cursinho quilombola. Passos contou que a candidata foi localizada no Facebook e, posteriormente, ela solicitou informações de como conseguir a documentação, já que teria uma tia [já falecida] no quilombo. “A orientei que a vaga para quilombolas era exclusiva para pessoas que nasceram e vivem na comunidade”, afirmou o coordenador. O perfil da jovem foi excluído posteriormente.

    Foto: Vilson Nunes | Sudoeste Bahia
    Foto: Vilson Nunes | Sudoeste Bahia

    Após investigação, descobriu-se, então, que em abril a jovem havia tentando se filiar à associação quilombola do Mari e tentado adquirir um alqueire de terra naquela comunidade. Além disso, foi solicitada, em reunião da comunidade, realizada no dia 09 de abril, a carta de autoreconhecimento e a declaração da comunidade atestando que ela é quilombola. No entanto, o coordenador da comunidade afirmou que não havia cedido nenhum documento. Uma outra liderança quilombola, de uma comunidade vizinha, dentro do município de Palmas de Monte Alto, informou que familiares da candidata “tentaram filiação em uma associação e sinalizou de que se não desse certo a documentação via comunidade do Mari, que eles tentariam na comunidade de Aroeira”, descreve a carta. “O que percebemos é que havia um processo antigo – desde fevereiro – de tentativa e insistência sobre a comunidade do Mari, especialmente sobre o seu coordenador, senhor Armando Pereira dos Santos”, comentou Flávio Passos. “Seu Armando ainda informou que cedeu a cópia autenticada da certidão de autoreconhecimento da Fundação Palmares, documento maior que atesta ser quilombola uma determinada comunidade. No entanto, ele o fez por ter sido informado pelo irmão da candidata de que ela havia ganhado uma bolsa de estudos e estava precisando do documento. 

    Foto: Vilson Nunes | Sudoeste Bahia
    Foto: Vilson Nunes | Sudoeste Bahia

    A comunidade Quilombola ressaltou, também, que a estudante chegou a ser questionada "sobre a consciência dela ao saber que estava tirando a vaga de Gabriel Silva [de fato quilombola], que havia acabado de chegar e assistiria ela se matricular na vaga que é dele por direito”, contou Flávio Passos. Após a sindicância aberta, a UFBA investigou o caso e na última sexta-feira (17), declarou o cancelamento da matrícula e imediata convocação do candidato classificado em terceiro lugar para a vaga quilombola. “A discente não se enquadra nos requisitos para ser classificada como quilombola, sobretudo após ser apensado ao processo documento do presidente da associação quilombola do Mari, anulando a declaração de pertencimento, por laços familiares, anteriormente emitida”, diz o relatório final do processo.

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