OPINIÃO - A crise no sistema de saúde pública é uma realidade dolorosa para milhares de brasileiros que enfrentam filas intermináveis por uma chance de tratamento. Em um cenário onde vidas dependem de vagas para cirurgias e consultas, o que deveria ser um direito básico se transforma em uma luta desesperada por atendimento. O que agrava ainda mais essa situação é o uso político dessas vagas, transformando o sofrimento das pessoas em moeda de troca eleitoral.
Recentemente, em Caetité, um episódio chocante trouxe à tona essa prática vergonhosa. Um áudio atribuído à vereadora e candidata a reeleição, Maria da Serragem, vazado em um grupo de WhatsApp, revela a oferta de vagas para cirurgias em uma unidade de saúde pública, supostamente usadas para ganhar apoio político. A situação é alarmante: políticos utilizando seus cargos de influência para garantir votos, enquanto cidadãos comuns sofrem nas filas, muitas vezes sem perspectiva de atendimento.
Esse caso não é isolado. Nas redes sociais, circulam prints do também candidato Alex Castro oferecendo vagas para cirurgias na Unacon, uma unidade de tratamento oncológico de grande importância para a região de Caetité. O fato de que vagas em uma unidade de saúde tão crucial estão sendo usadas como barganha eleitoral é uma afronta ao direito à saúde. O que deveria ser um sistema justo, onde os mais necessitados são atendidos com prioridade, está sendo manipulado em benefício de interesses eleitoreiros.
Enquanto esses políticos utilizam suas influências para furar filas e garantir favores eleitorais, a população mais vulnerável, que não tem acesso a esses privilégios, continua penando. Pessoas que realmente precisam de tratamento ficam à mercê de um sistema falido, onde a saúde pública, já sobrecarregada, ainda precisa lidar com a corrupção moral de seus representantes.
Essa prática é um absurdo em qualquer circunstância, mas se torna ainda mais grave em períodos eleitorais. A promessa de vagas em troca de votos não só desrespeita os princípios básicos de justiça e equidade, mas também reforça o ciclo de dependência e abuso de poder que impede o avanço de uma política transparente e justa.
É necessário que a população tome consciência desse tipo de prática e exija responsabilidade de seus representantes. Além disso, é imperativo que o Governo do Estado da Bahia, o Ministério Público da Bahia e a Justiça apurem com rigor essas denúncias e, caso comprovadas, punam os envolvidos com o máximo de severidade. O uso de vagas para cirurgias como moeda de troca não pode ser tolerado. A saúde pública é um direito de todos, não um favor a ser distribuído em troca de apoio político.
20/01
carlos henrique