• Traição ou estratégia? A controversa possível aliança política em Caetité

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    Por Redação Sudoeste Bahia

    01/08/2024 - 10:53


    A aliança potencial entre cocás e jacus desafia a tradição política do município

    OPINIÃO

    - A notícia da possível união entre os grupos políticos liderados pelas famílias Oliveira e Ladeia em Caetité trouxe à tona um intenso debate entre os militantes e a população local. Os Cocás e os Jacus, como são conhecidos os simpatizantes de cada grupo, historicamente são adversários ferrenhos nas eleições municipais. No entanto, a divulgação dessa possível aliança, que aconteceu na noite de ontem (31) pelas redes sociais, provocou reações diversas, tanto positivas quanto negativas.

    A figura de Zé Barreira (PCdoB), pré-candidato à prefeitura de Caetité e representante do grupo Oliveira, ao receber o apoio do advogado Eder David e de Fabiane Públio, viúva do ex-prefeito Ricardo Ladeia, é o ponto central das discussões. Eder David, derrotado nas últimas eleições municipais, e Fabiane Públio, esposa de um dos maiores líderes políticos que o município já teve, Ricardo Ladeia, representam um passado de rivalidade política intensa.

    Ricardo Ladeia, que faleceu em 09 de outubro de 2016, poucos dias após ser derrotado nas urnas pelo candidato dos Oliveira, Aldo Gondim, deixou um legado marcante na política de Caetité. Seu lema, “Minha gente, o meu abraço”, ressoou nas campanhas eleitorais e em sua vida política. A derrota nas eleições, seguida de sua morte, foi um evento que marcou profundamente a cidade, agravado pelas provocações dos adversários que desfilaram com um caixão pelas ruas de Caetité.

    Além disso, a situação se complica ainda mais pelo fato de Eder David ser um dos autores das ações que recentemente condenaram Zé Barreira a mais de cinco anos de prisão por fraude em licitações. Além disso, Éder David é autor da ação de investigação judicial de processo número 0000001-50.2017.6.05.0063 que deixou Zé Barreira inelegível por 8 anos.

    Ricardo Ladeia, em vida, era um defensor ferrenho da moralidade na política e na gestão dos recursos públicos, o que coloca sua viúva e seu sucessor em uma posição delicada ao apoiarem um possível aliado político envolvido em escândalos.

    A possível união, no entanto, gira em torno de especulações baseadas em um áudio vazado do ex-vereador Julão Ladeia, onde ele expõe uma reunião realizada sem a sua presença entre os grupos, onde estaria sendo costurada a aliança. No áudio, são citados os nomes de Fabiane e da vereadora Maria da Serragem como possíveis nomes para ocupar a vaga de vice na chapa encabeçada por Zé Barreira. Adicionalmente, uma postagem de um pré-candidato a vereador aliado de Zé Barreira nas redes sociais, dando boas-vindas ao grupo dos Jacus, reforça essas especulações. Na imagem compartilhada, aparecem Eder David, Fabiane Públio e Zé Barreira, mas nem Fabiane nem Eder se manifestaram oficialmente sobre a possível aliança.

    Diante deste cenário, surge a pergunta que ecoa entre os eleitores e os militantes dos dois grupos: viver o presente ou respeitar o passado? A união entre os Cocás e os Jacus pode ser vista como um movimento estratégico para fortalecer a oposição ao atual governo municipal, buscando a superação de rixas históricas em prol de um objetivo comum. No entanto, para muitos, essa aliança soa como uma traição aos princípios e à memória de Ricardo Ladeia, cuja luta pela moralidade e ética na política sempre foi uma marca de seu legado.

    Os militantes dos dois grupos, possivelmente unidos, enfrentarão o desafio de conciliar essas divergências e de encontrar um caminho que respeite tanto o presente quanto o passado. A política é feita de alianças e concessões, mas é fundamental que esses movimentos sejam guiados por princípios e valores que não sejam esquecidos ao sabor das circunstâncias. A história de Caetité está sendo escrita a cada dia, e cabe aos seus protagonistas decidir como desejam ser lembrados no futuro.

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