• O futuro da Bahia na sua mão: baianos decidem no próximo domingo novo governador

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    Por Rodrigo Daniel Silva

    29/09/2022 - 10:30


    Disputa pelo governo da Bahia se acirra entre ACM Neto, do União Brasil, e Jerônimo Rodrigues, do PT

    BAHIA

    - Mais de 11 milhões de baianos vão às urnas no próximo domingo para escolher o 46º governador da Bahia. Seis nomes competem pelo Palácio de Ondina, mas apenas dois são considerados favoritos para assumir o posto: ACM Neto, do União Brasil, e Jerônimo Rodrigues, do PT. Os dois, juntos, somam quase 80% das intenções de votos. Neto liderou a maior parte da campanha com folga, mas viu nos últimos dias um crescimento expressivo do seu principal adversário. O Datafolha mais recente apontou que a diferença entre eles, que já foi de 38 pontos, agora é de 17. Os números animaram os aliados de Jerônimo Rodrigues, uma vez que os hoje senador Jaques Wagner e governador Rui Costa, ambos do PT, conseguiram virar as eleições de 2006 e 2014, respectivamente, para o governo estadual com os mesmos percentuais que o atual candidato petista. O prefeito de Salvador, Bruno Reis (UNIÃO), disse, em entrevista a Rádio Metropole nesta semana, não ver semelhanças entre os antigos pleitos e o atual. “Naquela época, eles tinham o governo federal, hoje não têm. Hoje, eles têm 16 anos de cansaço. A gente não tinha a força política que nós temos hoje. Nós não tínhamos um candidato que representasse o novo, como temos hoje Neto”, ponderou. A ascensão de Jerônimo Rodrigues nas sondagens de opinião se deve, sobretudo, à força política de Lula (PT). Na Bahia, o ex-presidente, que busca retornar ao Palácio do Planalto, tem 62% das intenções, segundo o Datafolha. Essa popularidade de Lula no estado faz Wagner crer em mais uma virada histórica. “Quem entende de pesquisa, de campanha, entende de eleição no Nordeste, na Bahia, sabe que, quando Lula é candidato e passa de 60%, a gente nunca deixou de eleger o candidato a governador dele aqui”, afirmou. O cientista político Antonio Lavareda avalia que a eleição baiana pode não ser decidida no próximo domingo. “Com as mudanças recentes nos números, não se pode mais descartar a possibilidade de um segundo turno”, afirmou. O cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André, também vê um cenário aberto no pleito. “Se a gente levar em consideração que Rui Costa tem uma boa avaliação de governo, tem boa parte dos prefeitos, a tendência, então, é de que Jerônimo esteja em uma rota de crescimento até domingo. Acho que essa rota de crescimento pode levar para o segundo turno, e a hipótese, que não se pode descartar também, é de Jerônimo virar “, analisou, em entrevista ao Jornal Metropole. Histórias distintas: Nascido em 1979, ACM Neto, se vencer no próximo domingo, será o governador mais jovem da Bahia desde 1962, quando Lomanto Júnior venceu a disputa ao governo contra Waldir Pires ao 39 anos de idade. A vitória de ACM Neto significará também a retomada da família Magalhães ao poder da Bahia após quase 30 anos. Foi em abril de 1994 a última vez que um Magalhães pisou os pés no Palácio de Ondina, quando Antonio Carlos Magalhães renunciou ao posto para ser candidato a senador. Por outro lado, se Jerônimo Rodrigues conquistar a gestão estadual, será o primeiro governador da Bahia autodeclarado indígena. O triunfo do petista simbolizará ainda um feito histórico para o seu partido. O PT será a primeira agremiação a vencer cinco eleições consecutivas para o governo baiano desde a redemocratização. A briga pelo Senado: As urnas vão dizer também no próximo domingo se a tradição histórica na disputa pelo Senado será mantida na Bahia ou se vai se quebrar um tabu de 60 anos. Pela primeira vez desde 1962, há a possibilidade de o novo governador eleito não eleger o seu senador. Isso porque o senador Otto Alencar (PSD), que é candidato na chapa de Jerônimo Rodrigues, é favorito para ser reeleito e pode ver o oponente ACM Neto conquistar o governo estadual. O Datafolha aponta que Otto Alencar tem uma vantagem segura para o seu principal adversário na briga pelo posto, Cacá Leão (PP). Se a eleição fosse hoje, a diferença seria de mais de 20 pontos. Em crescimento nas sondagens de opinião, o postulante progressista tem apostado, entretanto, em uma virada no apagar das luzes. Aos aliados, Cacá tem lembrado que Otto Alencar saiu atrás nas pesquisas em 2014, mas conseguiu vencer Geddel Vieira Lima (MDB) já no final do pleito. Outro caso que faz o progressista manter a fé é de 2018, quando Ângelo Coronel (PSD) conseguiu a segunda vaga ao Senado aos 45 minutos do segundo turno. O Ibope, um dia antes daquela eleição, apontou um empate técnico entre Coronel e Irmão Lázaro (PSC), mas, ao abrir as urnas, o pessedista venceu com mais de 2 milhões de votos de diferença. Histórias assim é que deixam sempre pintar um mistério na eleição da Bahia. Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 29 de setembro de 2022

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