• Moda entre os que querem emagrecer, caneta para diabéticos ameaça saúde por estética

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    Por Jornal da Metropole

    02/06/2022 - 13:30


    Especialistas alertam para os efeitos colaterais deste uso apenas por fins estéticos

    SAÚDE

    - Na incansável busca pelo corpo magro, as conhecidas canetas aplicadoras de medicamentos, indicadas originalmente para o tratamento de diabetes tipo II, se tornam uma arma que coloca em risco a saúde de quem vê nelas uma saída para perder alguns quilos com facilidade. Sem exigência de receita médica e com efeito de até 15% na redução do peso, os medicamentos Ozempic (semaglutida), Trulicity (dulaglutida), Vitoza e a Saxenda (ambos da liraglutida) passaram a ser usados de forma indiscriminada para o emagrecimento. Especialistas, contudo, alertam para os efeitos colaterais deste uso apenas por fins estéticos. No Brasil, esses medicamentos são utilizados também no tratamento da obesidade. No entanto, com exceção do Saxena, todos são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas como antidiabéticos. A endocrinologista Viviane Melo acredita que, neste caso, o uso para emagrecer é seguro. Para ela, o alerta está em casos de pacientes que não têm obesidade ou sobrepeso com comorbidade. “Existe um exagero muito grande por fim estético. Muitas pessoas estão fazendo uso sem condição clínica para indicação. O perigo está aí. Em casos raros e extremos, pode causar até alterações no pâncreas”, alerta a endocrinologista. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia da Bahia, Joaquim Custódio Junior, relata que se tornou comum encontrar pacientes fazendo o uso sem indicação ou pedindo prescrição porque um amigo usa. Estimulados por uma indústria que só quer impulsionar as vendas, pacientes acabam fazendo o uso sem prescrição e, muitas vezes, com dosagens e frequências equivocadas. Os medicamentos da liraglutida, por exemplo, estão entre os dez mais vendidos no Brasil, segundo levantamento divulgado em 2021 pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Uso sem prescrição e efeitos colaterais - Para o endocrinologista, ainda não existem dados que mostrem que o efeito em casos de pacientes sem obesidade é positivo quando comparado a outros parâmetros clínicos. Os diversos efeitos colaterais causados podem, inclusive, comprometer o equilíbrio corporal, segundo Custódio. Os medicamentos agem reduzindo a velocidade de esvaziamento do estômago e aumentando a sensação de saciedade, por isso acabam favorecendo a perda de peso. Mas a ação ocasiona também uma série de efeitos colaterais. São comuns episódios de náuseas, vômitos, diarreia ou constipação, dores abdominais e a queda da taxa de glicemia no sangue. Para quem sofre de esofagite, gastroenterite, problemas no pâncreas ou tumores no trato gastrointestinal o uso é contraindicado independente da finalidade. Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 2 de junho de 2022.

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