• Por que todos nós amamos o Chris?

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    Por Tiago Rego | Sudoeste Bahia

    16/12/2021 - 14:00


    CULTURA

    - Certamente, pelo menos uma vez na vida, você já deve ter visto um meme ou mesmo alguém repetir algum bordão da série norte americana 'Todo mundo odeia o Chris': “cara, ela tá tão na sua!”, “meu marido tem dois empregos” ou “trágico!”. A série retrata por meio de elementos ficcionais e de narrativa hiperbólica a vida do comediante Chris Rock. Nela, vemos o nosso amado Chris passando por maus bocados, mas nem longe chega a retratar com fidelidade a vida do homônimo comediante. Em Todo mundo odeia o Chris vemos que o protagonista está inserido numa família equilibrada e, por assim dizer, tradicional. Formada por pai, mãe e dois irmãos, bem distante da realidade vivida por Rock, que na verdade, tinha sete irmãos. Se nós repararmos bem, Chris (Tyler James Williams) tem uma vida até mesmo privilegiada. Não lhe falta o que comer, seu pai (Julius-Terry Crews) tem um carro, ele tem televisão em casa e anda sempre bem vestido. É claro que estes elementos sociais precisaram ser acrescentados para dar o tom humorístico ao seriado, afinal, se não fosse assim, seria uma tragédia e não uma comédia. O que todos nós sabemos mesmo é que Chris é odiado na série e é um legítimo loser ou perdedor se assim preferirem. Ele nunca consegue o quer, não é popular na escola, não se dá bem nos esportes, nem com as garotas e sempre é assaltado em seu próprio bairro, além de ficar a cargo dele a realização de todo o trabalho doméstico, enquanto seus irmãos Drew (Tequan Richmond) e Tonya (Imani Hakim) ficam numa boa. Mas afinal, o que faz de Chris um personagem tão cativante? Por que nós, principalmente nós brasileiros, nos identificamos tanto com ele? A resposta é simples: até mesmo o mais vencedor de todos, pelo menos um dia na vida, já passou por algum perrengue vivido por Chris. Seja uma briga com mãe, uma investida numa garota ou garoto que não deu certo ou até mesmo a falsificação de um boletim escolar. Todos nós já fomos Chris um dia. A história nos cativa ainda pelo fato de abordar elementos do cotidiano, mas a forma de ser narrada é extraordinária e exagerada. Os dramas de Chris são amplificados pela quase odisseia metafórica construída por Chris Rock. No meu caso, o episódio que eu mais gosto é o “Todo mundo odeia garotas altas e magras”. Nele, Chris é paquerado por uma menina estereotipada do tipo alta, magra, com oculos, roupas fora de moda e com cabelo preso. No colégio, todos chamam a Kelly (Nina Mansker) de “Garibalda”. A Kelly se mostra muito fofa com Chris. É um dos raros episódios que ele é bem tratado. No entanto, ele a despreza pelos mesmos motivos que o faz ser detestado por todos do Colégio Tattaglia. Mas enfim, não vou aqui dar spoiler, pois possa ser que nunca tenha visto este maravilhoso episódio. E para mim, enquanto fã da série, é difícil de elencar mais atrativos que fazem o enredo tão encantador. Todos podem odiar o Chris, diz assim o título, mas na verdade, o que Chris Rock sabia mesmo é que todos nós amaríamos este personagem e sua trupe que fazem o que existe de mais genuíno no humor: fazer rir de seus próprios dissabores. 

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    Todo Mundo Odeia Chris
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