• Em áudios vazados, suposto ex-funcionário da Prefeitura de Livramento acusa prefeito Ricardinho de ser dono de máquinas que estão a serviço de sua própria gestão

    Foto: Reprodução | Agência Brasil (editada) Foto: Reprodução | Agência Brasil (editada)
    Por Tiago Rego | Sudoeste Bahia

    31/03/2021 - 17:30


    LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA

    - A redação do Sudoeste Bahia (SB) teve acesso a uma série de áudios, em que  um homem, que conforme apurou a redação do SB, seria um suposto ex-funcionário da Prefeitura Municipal de Livramento, que afirma que alguns equipamentos utilizados pela prefeitura, como caçambas, ônibus e uma retroescavadeira, na verdade, pertencem ao prefeito Ricardo Ribeiro (Rede), o Ricardinho, e ao seu filho, Aécio Ribeiro. As acusações feitas pelo suposto ex-funcionário, que trabalhava como maquinista, são extremamente delicadas, pois se assim for, Ricardinho estaria fazendo uso da sua própria gestão para poder obter lucro através de serviços prestados ao referido município. Vale ressaltar que as falas em que SB teve acesso, não estão, necessariamente, na ordem em que foram estabelecidas. Daí, a nossa reportagem transcreveu os áudios obtidos, que mesmo podendo destoar do contexto original, apontam para um possível esquema de uso de dinheiro público para obtenção de vantagem pessoal. As transcrições estão logo abaixo.

    FALA 1 — Oh, Cuiú, tu viu aquelas caçambas que Biu [Sic] virou. Duas caçambonas [sic] que biu virou que disse que era do cara lá de Brumado. Mentira. Aquelas caçambas é de Aécio (filho do prefeito Ricardo Ribeiro). Aécio leiloou na Comtrasil, em Brumado. Leiloou elas e elas estavam tombadas que Biu tombou. Elas tombadas, tá lá tombada lá no pátio encostada, todas duas tombadas, o cara me disse que tá ganhando mais dinheiro do que as que está rodando. Todo mês Charles tira as fotos da placa delas e envia. Elas tá ganhando tombada lá. É tudo de Aécio. Mentira. Não tem nada de Brumado. Eu sei tudo. E o filho de Carlão, Lucas mandou eu bater uma foto na placa e mandar pra ele. O dia que eu ir aí, eu vou lá bater uma foto das placas dela [sic] e mandar pra Lucas. — 

    FALA 2 — Na prefeitura o operador que for honesto não sai com um pirulito na mão. Que eu nunca vi um cara honesto na minha vida que nem meu menino Miltin [sic]. Saiu, nem a passagem… Ele foi trabalhar fora, nem o carro para levar em Conquista não deu. Foi preciso eu brigar lá, não deram o carro pra eu levar ele. Nem a passagem deu! Nem a passagem, para falar… Dar a passagem a esse cachorro [sic] aí pra ir embora. A prefeitura é assim…  Nós que é [sic] besta, né?! Agora um tal de um Jânio, uma hora eu vou sentar com você pessoalmente, uma hora que eu estiver em Livramento, e vou contar pra você vê, a conversa que saiu minha aí, e como foi o serviço. Eu tenho até os áudios guardados aqui, como foi o serviço.  Foi um feriado, porra [sic], um feriado que teve aniversário da cidade e, aí, o Cidão de Aracatu (vereador de Livramento), pagou nós [sic] para rodar o feriado. Foi eu, Sérgio de Bau e galã. Pagou R$ 500 para cada de um nós, para rodar o feriado! Por causa que nós não ia [sic] trabalhar. E ia chover, né? Ele falou: não, eu quero que vocês roda porque nós [sic] quer aproveitar a chuva. Mas e o feriado? Nós paga o feriado [sic]. Aí, nós rodou [sic]... E Ricardinho (prefeito de Livramento) não está inocente, não. Mandei o áudio pra Charles, mandei o áudio pra Jânio, pra todo mundo, que nós ia [sic] rodar o feriado. Foi lá ni [sic]... No Fabiano (comunidade da zona rural de Livramento). Aí, nós rodou [Sic]! Aí, a casa caiu! Tirou galã, tirou Sérgio e tirou eu [sic].— O fato narrado na fala descrita teria acontecido, conforme citado, em pleno período da campanha eleitoral de 2020.

    FALA 3 — Aí (Livramento) tá uma máfia do cão. O onibuzin [sic] de levar o pessoal para fazer hemodiálise. O onibuzin [sic] é de Aécio. Eles falam que é do filho de Zito. Mentira! O onibuzin [sic] é de Aécio. O pipa do menino de Zé Guarda, de Júnior. Mentira! É de Aécio. Eu sei de cor ali, sei de cor, de cor. A máquina, Ricardinho não bota esta escavadeira para fazer serviço pesado, só bota a da prefeitura. Quando eu tava trabalhando que dava na pedra, Ricardinho falava: para, para não cava não. Ué, tu acha que se a máquina fosse de Diego, Ricardinho ia proibir ela de cavar serviço duro? É um cuidado com aquela máquina, não quer que ranha [sic] nem pedra, não quer. Porque a máquina é dele, se fosse de Diego... —

     

    Foto: Reprodução | Institucional
    Foto: Reprodução | Institucional

    Os áudios repercutiram  na sessão da Câmara de Vereadores de Livramento. Em plenária realizada ontem (30), de forma virtual, o primeiro a chamar atenção para o caso foi o vereador Josemar Miranda (PSD), o Zemar. Nas palavras do parlamentar, o fato tem que ser apurado, pois se tratam de acusações graves. “Áudios que foram vazados essa semana,  por um funcionário, ex-funcionário, por um ex-maquinista da prefeitura são graves. Ele faz graves acusações à administração municipal. No qual ele cita, que máquinas quebradas, tombadas, estão trabalhando mais do que as máquinas normais. Isso precisa ser investigado. Nós precisamos dar uma satisfação. Ele cita também obras públicas que foram realizadas o ano passado com fins eleitoreiros. Essas obras, beneficiaram até colegas, segundo ele,  da Casa. Eu acredito que tanto o Executivo, como o Legislativo, precisam dar uma satisfação para a sociedade. Nós não podemos colocar uma pedra em cima e achar que está tudo normal. A gente vê dinheiro público sendo desviado, se realmente foi, e isso é crime”, afirmou Zemar. Já o vereador Márcio Alan (PSD), o Alan de Gonçalinho, disse que uma denúncia será encaminhada ao Ministério Público (MP), para que o caso seja investigado. “O cara afirmou que a caçamba é de propriedade do filho do prefeito. Portanto, nós vamos encaminhar ao Ministério Público, pois as acusações são muito graves, pois o papel desta Casa é investigar”, reforçou Alan. As falas de Zemar e Alan foram rebatidas pelo edil Joaquim da Silva (PL), que integra a base de apoio do prefeito na Câmara. “Os áudios são de pessoas que estavam falando com muita raiva. A gente deveria primeiro investigar antes de trazer essa discussão para essa Casa. Temos que ver a procedência desses áudios, e eu tenho certeza que o departamento jurídico da prefeitura está tomando as devidas providências, para provar que esses áudios não possuem veracidade. A política já passou, não é tempo de politicagem, portanto, não é tempo de se deixar influenciar por um áudio odioso”, salientou. O SB ressalta que para os devidos fins jornalísticos, os áudios da forma como  tivemos acesso, não passaram ainda por qualquer tipo perícia, mas seguiremos apurando sobre se há veracidade das situações por eles narradas, bem como sobre os personagens citados.

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