• Teocracia em vertigem: humor político do especial de Natal do Porta dos Fundos

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    Por Tiago Rego | Sudoeste Bahia

    24/12/2020 - 18:00


    Espere, no especial, passagens como o caso da rachadinha envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, o caso Queiroz do depósito de R$ 89 mil na conta da primeira dama, Michelle Bolsonaro, milícias e até mesmo fake news

    ENTRETENIMENTO

    - Se você é daqueles que radicais em relação a Jesus Cristo, em que a única narrativa permitida em relação a respeito dele é a espiritual, então, não assista nenhum especial de Natal do grupo Porta dos Fundos, pois todos eles mostram o messias inserido em contextos contemporâneos e recheados de humor e sátiras. É o caso de Teocracia em Vertigem. Nele, o episódio da crucificação de Jesus é contado nos moldes do documentário Democracia em Vertigem, da cineasta Petra Costa, que retratou o episódio do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Logo na primeira cena, Jesus é submetido a um julgamento popular, liderado por Pôncio Pilatos, e os personagens que votam o fazem usando paráfrases dos deputados que participaram do impedimento de Dilma. Em um deles, um personagem interpretado por João Vicente Castro diz: “que deus tenha misericórdia dessa nação”, tal como fez Eduardo Cunha, ao votar pelo impeachment de Dilma, só que no caso do personagem, ele vota pela condenação de Jesus e pela liberdade de Barrabás. Nas cenas que se seguem, vários personagens fazem depoimentos acerca de Jesus, como o apóstolo Pedro, interpretado por Leandro Ramos, do grupo Choque de Cultura, o apóstolo Tiago é vivido por Gabriel Louchard e Judas é interpretado por Daniel Furlan, também do Choque de Cultura. Todo roteiro evoca episódios políticos do Brasil da década de 2010. Os personagens sempre fazem referência a algum contexto ou tipo social dos nossos tempos. É o exemplo do apresentador de programa policial, interpretado por Gregório Duvivier, que faz uma alusão a Datena e Ratinho. E com este enredo, evocando episódios, falas e personagens  da política e da sociedade brasileira, Teocracia em Vertigem conduz o espectador para o desfecho em que Jesus, interpretado por Fábio Porchat, que também foi roteirista, encerra a produção de aproximadamente com 50 minutos, cantando um rap com uma série de provocações a pessoas reacionárias. Porém, a parte que, talvez, seja a mais marcante, é do personagem interpretado por Antônio Tabet, em que ele exibe uma espécie de pergaminho, com uma série de setas apontadas para o nome de Jesus, tal como fez Deltan Dallagnol, com um power point que acusava o ex-presidente Lula de liderar um esquema de corrupção. Enfim, se você gosta de humor político, Teocracia em Vertigem é garantia de boas risadas nesta véspera de Natal. Espere, no especial, passagens como o caso da rachadinha envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, o caso Queiroz envolvendo o depósito de R$ 89 mil na conta da primeira dama, Michelle Bolsonaro, milícias e até mesmo fake news.

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    Teocracia em Vertigem

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