• Opinião: 100 mil mortes por Covid-19; negacionismo e incompetência

    Foto: Reprodução | Adriano Machado Foto: Reprodução | Adriano Machado
    Por Tiago Rego, jornalista.

    08/08/2020 - 21:21


    ARTIGOS

    - 08 de agosto de 2020. Este dia ficará marcado na história e na memória de todos os brasileiros que vivenciaram a pandemia por coronavírus. Hoje atingimos a lastimável marca de 100 mil mortes por conta da Covid-19. E sim, as marcas redondas são sempre destacadas, embora que neste caso, de forma negativa. Nem mesmo o mais pessimista de todos, como este jornalista que vos escreve imaginou tamanha tragédia. E meu pessimismo em nada tem a ver com falta de fé ou negativismo. Mas diante da complexidade social do Brasil e da postura do presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas, desde o registro do primeiro caso de coronavírus no país, e para qualquer pessoa com a mínima honestidade intelectual, não era preciso ser nenhum especialista para prever o pior. Bolsonaro sempre negou doença e incentivou tanto verbalmente, como com atitudes o não distanciamento social. Caminhadas por Brasília causando  aglomeração, atos populistas em lanchonetes, entradas em farmácias, participação em atos de seus apoiadores, entre outros, serviram como base para a formação de uma narrativa negacionista, sem contar nas milhões de fake news que saem das redes bolsonaristas todos os dias, redes estas, em que muitas já foram desarticuladas pelo Supremo Tribunal Federal. Por conta do negacionismo, o país ficou dividido, quando na verdade, era de Bolsonaro enquanto presidente da República, a responsabilidade de unificar a sociedade brasileira. Mas não, perolas como “é só uma gripezinha”, “eu tenho histórico de atleta” até a trágica e impiedosa declaração “e daí? Eu não sou coveiro”, dentre outras atrocidades, incentivaram a descrença na doença. Para muitos, o vírus não existe e as mortes são manipulação da “mídia comunista”.  Não quero dizer com isso que Bolsonaro é o único responsável por esta marca macabra. Não. Mas o presidente é, sim, o principal responsável. Isso porque foram dois ministros da Saúde demitidos em plena pandemia, e agora um general do Exército Brasileiro, sem qualquer entendimento de questões sanitárias, está à frente do Ministério da Saúde e, para completar a tragédia, a escolha de uma medicação (hidroxicloroquina) propagandeada por Bolsonaro como troféu ou solução divina, sem a menor eficácia contra a Covid-19. Da minha parte, se você está lendo este texto e perdeu alguém da sua família ou próximo em decorrência da Covid-19, fica aqui os minhas sinceras condolências. Dizem que todo país tem o governo que merece, mas não, não merecíamos Jair Messias Bolsonaro. Este texto não reflete a opinião do site Sudoeste Bahia.

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