• Caetité, pequenina mas ilustre – Por Luzmar Oliveira

    29/08/2014 - 08:50


    CAETITÉ

    O Monsenhor de todos nós

     

    Muito já foi dito sobre ele.

     

    Foi um homem impoluto. Um grande servidor do Cristo. Um sacerdote que soube conduzir seu rebanho com humildade e bons exemplos. Amigo de todos. Conselheiro. Conciliador. Simples, como deve ser todo cristão.

     

    Por um século habitou aquele corpo e com ele circulou pelas ruas de Caetité, vestindo uma batina que o distinguia a qualquer distância. Em seus bolsos, santinhos de papel e caramelos que, ao ser interpelado por uma criança, ele os distribuía.

     

    Há “causos” interessantes que se contam a seu respeito. Desde sua juventude quando, ao lado de Walmir que o conduzia na sua “fóbica” reluzente, até os seus últimos momentos encarnado.

    Contou-me ele outro dia que, em uma viagem a Cuiabá com os sobrinhos (a família de Byron mais a amiga Gal), pararam para dormir em Brasília. Ficaram os homens em um quarto e as mulheres em outro. Tuca, a sobrinha, não parava de se preocupar com ele, oferecendo-lhe uma sopinha que foi delicadamente rejeitada. Em seguida, ela volta e oferece um arrozinho com ovo frito e recebe a mesma resposta. Enfim, ele lhe diz: “Olha minha filha, vá jantar pois você parece estar com muita fome. Deixe que Byron sabe cuidar de mim.” Quando ela saiu, Byron trancou a porta e perguntou: “E ai, ‘Monça’ (como carinhosamente o chamava), quer um uisquinho?” E ele, mais do que depressa, aceitou alegremente a oferta.

     

    Esse era o lado humano, normal e muito feliz daquele homem. Como esse, tinha um mundo de outros “causos” para contar, onde misturava seu bom humor e seu lado cristão tão admirado por todos nós.

     

    Quem não se lembra do seu “sobe e desce” aos domingos, após a missa, quando ia levar a comunhão aos seus “doentes”? Meu velho pai sempre o esperava com alegria, pois sabia que jamais falhava. E a visita eucarística era sempre seguida de um bom bate-papo.

     

    Com sua batina com frisos e botões e seu barrete de Monsenhor, atravessava a praça com passos rápidos e um sorriso nos lábios. Fazia parte da paisagem, fazia parte da igreja, fazia parte da cidade. Era elemento chave e constante em tudo. Desde as festas católicas, batizados, casamentos, enterros, missas até eventos particulares ou populares, fora da igreja.

     

    Sua casa, na esquina da Avenida Santana, tornou-se tema da maior festa popular de Caetité, a grande Lavagem da Esquina do Padre, hoje ligada ao carnaval temporão da cidade. E parece que os foliões previram alguma coisa, pois, na sua última edição, o nosso querido Padre Vavá foi homenageado por um bloco, cujas fantasias foram a sua batina e uma máscara com seu rosto. E ele a tudo aceitou e aplaudiu alegremente, como era do seu feitio.

     

    E aos 98 anos ele se despe das vestes carnais e nos deixa rumo à próxima dimensão. Ou a outra mais alta. Vai ao encontro dos amigos que partiram antes. Logo de cara é recebido por Mané Santo e Tõe Piscucim, seus fiéis auxiliares. Mané Santo tocou os sinos da sua nova morada, em ritmo de festa. E os anjos, docemente vestidos por Tuninha, tocaram harpas e flautas doces. Que maravilha! Quanta festa! As suas ovelhas que o antecederam, vieram em procissão recebê-lo e abraçá-lo. Fogos espocaram no ar. E mais adiante uma divina luz resplandecia! Era a avó da humanidade. Era a Senhora Santana, aquela que emprestou seu nome à Vila Nova do Príncipe, aquela que sempre reinou na catedral onde o Papa Vavá primeiro e único, celebrou tantas missas e pregou o verdadeiro amor cristão.

     

    Morre Monsenhor Osvaldo Magalhães. Nasce o menino Vavá do outro lado da cortina. Surge nos céus de Caetité mais uma estrela luzidia que vai clarear nossas noites e nossos caminhos.

     

    A Diocese quer transformar sua casa em museu. Será bem vindo. Será nosso. Será doce. Será mais um lugar de cultura e saudade na nossa terrinha. Saudade doce de um homem que marcou nossa vida da maneira mais positiva possível. Será um rastro de luz bem em frente à casa de Santana, nossa padroeira.

     

    Até breve Padre Osvaldo. Até um dia Monsenhor. Aguarde-nos. Estamos caminhando para merecermos um lugar próximo à sua nova morada. Esteja sempre feliz com a volta da luz aos teus olhos. Esteja em paz!

     

    Luzmar Oliveira – [email protected] – WhatsApp (71) 99503115

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