• Brumadinho, 25 de janeiro, 12h28: "o dia que o apocalipse chegou ao Córrego do Feijão"

    Foto: Divulgação | Corpo de Bombeiros de Minas Gerais Foto: Divulgação | Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
    Por Agência Brasil

    25/01/2020 - 08:01


    BRASIL

    Era próximo de 1 hora da tarde de uma sexta-feira de muito calor em janeiro de 2019 que o segurança Atamaio Ferreira ficou sabendo que uma barragem da Vale, em Brumadinho, havia rompido. Na hora, ele pensou na irmã, Marina de Lurdes Ferreira, e na cunhada, Dirce Dias Barbosa, que estavam trabalhando na barragem 1, da mina de Córrego do Feijão. Atamaio confirmou o que mais temia. O rompimento da barragem aconteceu exatamente ao meio-dia e 28 minutos do dia 25 de janeiro. A mina estava repleta de trabalhadores que almoçavam naquele momento no refeitório que ficava a apenas 3 km da cava da barragem. Foi lá que a maioria dos corpos  foi encontrada pela equipe de buscas do Corpo de Bombeiros, que chegou poucos minutos depois ao local. Mas também foram achadas vítimas em um ônibus soterrado pela lama. E em duas áreas conhecidas como Remanso, abaixo da sede administrativa. Alguns corpos foram arrastados por mais de 5 quilômetros. A lama também chegou a outras comunidades e bairros de Brumadinho, como o Parque da Cachoeira e a Vila Ferteco, onde morreu a então secretária de Desenvolvimento Social da cidade e crítica ferrenha da mineração, Sirlei Brito. A lama também atingiu a pousada Nova Estância, 35 das 38 pessoas que estavam lá morreram na hora. No total, são 270 mortos, sendo que 11 desses ainda estão desaparecidos. Depois de tanta destruição, Atamaio, deprimido e de luto, pediu demissão do trabalho. A área de buscas tem 7 milhões de km2. E, mesmo depois de 12 meses, o Corpo de Bombeiros acredita ser possível resgatar os 11 corpos restantes. O comandante da operação de buscas, tenente-coronel Alisson Malta conta qual estratégia está sendo adota hoje, que é de fazer escavações a 3 metros de profundidade em toda mancha de downbreak. Os corpos encontrados são levados para o IML em Belo Horizonte para identificação, 854 casos deram entrada desde 25 de janeiro de 2019. Deste total, foram identificadas 259 pessoas. Quarenta casos ainda estão em investigação. Segundo o médico-legista e diretor do IML, Ricardo Moreira Araújo, esses casos só podem ser identificados por exames de DNA. Dos 11 desaparecidos, 10 são funcionários da Vale ou de terceirizadas e uma estava na pousada, no momento da tragédia. As duas últimas identificações aconteceram no fim dezembro: João Tomáz de Oliveira, de 46 anos, e Noel Borges de Oliveira, de 50 anos, que eram funcionários terceirizados. Ouça a reportagem da Radio Agência Nacional:

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