• Ibama renova licença de operação de minas de urânio da INB em Caetité

    Foto: Marcos Oliveira | Sudoeste Bahia Foto: Marcos Oliveira | Sudoeste Bahia
    21/01/2020 - 16:00


    CAETITÉ

    Paralisada há cinco anos, o governo tenta retomar este ano a produção nacional de urânio.

    O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) a prorrogação da Licença de Operação para a Mina Cachoeira e lavra a céu aberto da Mina do Engenho, ambas no município de Caetité. O pedido tinha sido apresentado pela INB em fevereiro. O aviso de renovação de concessão foi publicado na edição desta terça-feira (21), do Diário Oficial da União. A licença estará em vigor de 13 de janeiro de 2026 e permite também o beneficiamento do minério de urânio até a obtenção de diuranato de amônio [(NH4)2U2O7], conhecido como DUA ou yellow cake, produto ainda não enriquecido no isótopo 235U. Atualmente, Caetité é o único lugar do País onde existe mineração de urânio. Na região, há reservas estimadas em 100 mil toneladas do mineral. Entre 2000 e 2014 a INB extraiu 3.750 toneladas de minério de urânio, altamente radioativo, da mina de Cachoeira. Paralisada há cinco anos, o governo tenta retomar este ano a produção nacional de urânio. O ministério de Minas e Energia trata o assunto como prioridade da pasta. Dono da sexta maior reserva mundial, o Brasil vem gastando cerca de R$ 100 milhões por ano com a importação do minério para abastecer as usinas nucleares de Angra.

    Polêmica: Conforme organizações comunitárias locais, no entorno da mina a população convive com problemas graves ligados à mineração do material radioativo. Além disso, autoridades denunciam casos de câncer na população local provocados pelo contato com a radiação e danos ainda pouco conhecidos ao meio ambiente. De acordo com um relatório da Secretaria de Saúde da Bahia, entre 2000 e 2009, houve pelo menos cinco acidentes e recentemente foi detectada a contaminação da água de poços com alto teor do material radioativo. "Há uma incidência muito alta [de câncer] em Caetité, alguns [tipos] possivelmente ligados à mineração de urânio – como câncer de tireóide e de pulmão, mais prováveis graças à emissão de gases tóxicos na mina", disse Letícia Nobre, diretora de Vigilância da Saúde do Trabalhador do governo da Bahia (Divast) em recente entrevista à BBC News Brasil. Dados da Diretoria de Informações em Saúde da Bahia assinalam que na região os casos de câncer são a segunda causa de mortes. O levantamento aponta para o crescente número de novos casos de câncer identificados na região, sendo superior ao número de casos de toda a Bahia. O outro lado: A INB sempre negou haver qualquer tipo de contaminação na região, seja por meio natural ou em decorrência de suas atividades. A empresa sempre garantiu que, apesar de haver presença de material radioativo na água da região, está sempre ficou abaixo do limite aceito pelos órgãos de controle. A INB afirma ainda que desenvolve permanentemente programas de monitoramento ambiental e de proteção radiológica para assegurar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúde de seus empregados e da população das proximidades.

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