• Guanambi: Tribuna Livre da Câmara reacende debate sobre a barragem de rejeito da Bamin e vereadores pedem audiência pública

    Foto: Willian Silva | Sudoeste Bahia Foto: Willian Silva | Sudoeste Bahia
    Por Willian Silva

    23/04/2019 - 15:46


    REGIÃO

    A barragem já foi autorizada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema)

    A Tribuna Livre da Câmara de Guanambi, na noite desta segunda-feira (22), foi ocupada por um assunto que voltou à baila na sessão legislativa daquela Casa. O assunto abordado foi a questão da barragem de rejeitos da Bahia Mineração (Bamin) que, de acordo com o empresário pecuarista e cirurgião-dentista Evilásio Bonfim, será em Guanambi. Bonfim foi o provocador da discussão proferida da Tribuna Livre do legislativo guanambiense. Em sua fala, o empresário citou a quebra da barragem de Ceraíma, enquanto estava em construção em 1960 e o Rio Carnaíba de Dentro, que corta Guanambi, não suportou a enorme vazão de água e alagou parte da cidade. A barragem de Ceraíma, quando cheia, tem capacidade de 58 milhões de metros cúbicos Cabe lembrar que a responsabilidade da barragem atualmente é da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). A barragem da Bamin, segundo Evilásio, é três vezes maior que a de Ceraíma, ou seja, terá capacidade de quase 180 milhões de metros cúbicos água misturada a rejeitos da mineração.

    Foto: Willian Silva | Sudoeste Bahia
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    Em entrevista ao Sudoeste Bahia, Bonfim ainda disse que não duvida da segurança do método de construção da barragem de rejeito da Bamin, que será a jusante. Perguntado sobre o avanço da tecnologia na construção civil, em comparação ao acidente envolvendo a barragem de Ceraíma acontecido ha 50 anos, ele diz que a tecnologia melhorou “para mais e para menos. Todos vocês devem conhecer viadutos e ponte como a Rio-Niterói, que foi feita pelo governo militar e tá lá, inteirona, passando carro todos os  dias e tem viaduto em São Paulo que foi feito há cinco anos e tá caindo. Isso tem o lado positivo e negativo. Antigamente se fazia obras mais seguras talvez, em termos de gasto e infraestrutura. Hoje a gente vê se priorizar cada vez mais economia (nas construções), principalmente num país que não se pune quem faz coisa errada. A gente viu agora cair a ciclovia lá no Rio de Janeiro, que acabou de ser feito, de cair viaduto que acabou de ser feito. A barragem que se propõe a fazer não é insegura, teoricamente. O problema é quem vai fiscalizar. Se você abrir qualquer site, a barragem de Brumadinho ela começou a ser feita sem estar autorizada, Ela (a barragem) enfrentou vários processos durante a construção; apresentou problemas dois anos depois de estar pronta, vazamentos e rachaduras e ela veio a ruir sete anos depois. E nenhum órgão público interditou e nem fez nada. Sete anos. E teve que matar um monte de gente para tomar providência.” Ele ainda criticou a falta de fiscalização federal quanto as barragens. Só no Brasil, atualmente, são 790 barragens de rejeitos para que 35 funcionários da Agência Nacional de Mineração possam fiscalizar. Ouça a entrevista.

    Foto: Willian Silva | Sudoeste Bahia
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    A fala do empresário foi endossada por alguns vereadores que, inclusive, durante o uso da palavra por parte dos edis, solicitaram uma audiência pública com a Bamin para dar maiores explicações e detalhes sobre como será o projeto Pedra de Ferro. O presidente da Câmara de Guanambi, o vereador Zaqueu disse que já foi solicitada junto a Bamin uma reunião para mostrar o projeto. Segundo Zaqueu os detalhes seriam acertados e, posteriormente, marcado o dia para a audiência pública para que a comunidade guanambiense possa também participar. Um dos vereadores que se colocaram contra a construção da barragem foi o vereador Agostinho Lira (PSDB). O Projeto Pedra de Ferro: A Bamin chega a Caetité em 2006 com a promessa de explorar toneladas de ferro que seriam escoado através da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) e embarcados em navios no porto de Aritaguá, localizado em Ilhéus, no sul da Bahia. Contudo, mudanças no projeto, na direção da empresa e atrasos na construção da ferrovia, obrigaram a empresa a mudar seu plano na mineração das jazidas de ferro. Contudo, o assunto voltou a ser discutido e debatido nas Câmaras de Vereadores de Pindaí e Guanambi, após divulgação de dados sobre o empreendimento. Segundo a Bamin, o início da construção da usina de beneficiamento do minério tem previsão para 2020, com capacidade para produzir 20 mil toneladas de ferro por ano. Na implantação serão gerados 10 mil empregos diretos e 20 mil indiretos. Na operação serão empregados em torno de 1.500 trabalhadores. O empreendimento colocará, segundo a empresa, a Bahia como o terceiro estado brasileiro com maior produção do minério e impulsionará positivamente a economia regional.

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