• Emendas parlamentares são usadas para pagar shows de duplas sertanejas

    Foto: Marcos Oliveira | Agência Senado Foto: Marcos Oliveira | Agência Senado
    Por Matheus Simoni

    07/01/2018 - 08:30


    POLÍTICA

    Parte das emendas parlamentares impositivas pagas no ano passado pelo presidente Michel Temer (MDB) foi utilizada para pagar cachês de artistas como Wesley Safadão e Bruno & Marrone. As informações foram divulgadas num levantamento do jornal O Estado de São Paulo. Ao todo, foram pelo menos R$ 5,73 milhões dos R$ 2,27 bilhões liberados em emendas no ano passado utilizados pagar apresentações musicais em festas dos municípios. O valor liberado por Temer atingiu o maior patamar dos últimos quatro anos, alcançando um montante de R$ 10,7 bilhões, representando um aumento de 48% em relação a 2016. Dos mais de R$ 10 bilhões liberados, foram pagos R$ 2,68 bilhões em 2017. As emendas são indicações de deputados e senadores de como parte do orçamento previsto da União deve ser gasto, o que costumeiramente faz com que parlamentares privilegiem seus redutos eleitorais. A única área com destinação obrigatória prevista em lei é a da Saúde. Das mais de sete mil emendas individuais pagas, essa foi a área que mais recebeu recursos, com 93,5% (equivalente a R$ 1,36 bilhão) dos R$ 2,68 bilhões executados. Segundo o levantamento do jornal, no município de Maracanaú (CE), o dinheiro da União foi usado para pagar show do Safadão, que custou R$ 246 mil. A verba de R$ 1,2 milhão foi indicada pela deputada Gorete Pereira (PR-CE) para que fosse repassada à prefeitura pelo Ministério de Turismo. O valor foi usado para custear as despesas com a 13ª edição da Festa de São João, cujo show de abertura foi de Wesley Safadão. Também se apresentaram e foram pagos com o dinheiro da emenda a as duplas Bruno & Marrone (R$ 250 mil) e Victor & Léo (R$ 200 mil) e a banda Aviões do Forró (R$ 180 mil). O repasse foi anterior à votação da primeira denúncia contra Michel Temer, em 7 de junho. Nessa época, entretanto, a delação da JBS já tinha sido revelada. A deputada, que votou contra o prosseguimento das duas denúncias afirma que a liberação do montante não tem relação com seus votos.

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