• Caetité, pequenina e ilustre – Por Luzmar Oliveira

    31/01/2015 - 06:00


    CAETITÉ

    Os Institutos São José

     

    Houve uma época em que era moda existir nas famílias católicas um filho padre e uma filha freira. Os pais mais fervorosos faziam questão de oferecer seus filhos à vida religiosa, fazendo mesmo promessas a Deus, como se Ele fosse mercador de almas.

     

    Não era preciso que os seus rebentos tivessem essa vontade ou vocação. A decisão era deles e era inquestionável, assim como os casamentos, que também eram “contratados” pelos genitores.

     

    No ano de 1914 foi criada a Diocese de Caetité. No ano seguinte chega o primeiro bispo, vindo de Sergipe, o conservador Dom Manoel Raymundo de Mello. Conta-se que o mesmo excomungou o nosso jornalista João Antônio dos Santos Gumes e o seu jornal A PENNA e todos os seus leitores, porque o escritor era espírita Kardecista. Isso colocou metade ou mais da cidade contra o bispo, praticamente isolando-o no seu doloroso preconceito. Acabou renunciando e voltando para a sua terra natal, onde viveu seus últimos dias. Com seu afastamento, nosso querido Monsenhor Bastos foi nomeado Vigário Geral da Diocese e assumiu o comando da igreja até a vinda de um novo titular. Revogou a excomunhão e, progressista, recriou o Colégio de Freiras construindo sua sede e o futuro Seminário São José. Ainda reformou a nossa Catedral de Santana e adquiriu uma fazenda chamada Flor da Índia para a Diocese.

     

    O nosso Monsenhor Bastos foi, mais tarde, homenageado emprestando seu nome ao mais antigo Grupo Escolar da cidade, localizado no final da Rua Barão de Caetité.

     

    O Colégio das Freiras, Instituto São José, comandado pelas Irmãs Mercedárias e tendo mais tarde como Capelão o então Padre Homero Leite, funcionava como unidade de internato feminino e ficava localizado na Rua Rui Barbosa, logo no início. Com o tempo foi ampliado e recebia jovens de várias cidades da Bahia, que vinham estudar na Escola Normal e Colégio Estadual de Caetité, mais tarde Instituto de Educação Anísio Teixeira – IEAT. A princípio, à época da sua fundação em 1915 pelo Bispo Dom Manoel Raymundo, chamava-se Colégio Imaculada Conceição, nome com o qual funcionou até 1925 e era internato e externato para moças; com curso primário, complementado com aulas de música, pintura e prendas domésticas. Mais tarde, como Instituto São José, era apenas internato, que acabou fechando no final da década de 60.

     

    Na Rua Barão de Caetité nasce o Seminário São José; funcionava como colégio e internato. Consta que a edificação do prédio da Rua Barão foi concluída durante o bispado de Dom José Pedro Costa, 4º bispo da Diocese. Mineiro de Serro, ali chegou em 1957 com a bagagem cheia de coragem e progresso. Além do Seminário, ampliou o Colégio das Freiras; ao lado dos médicos Dr. Wóquiton e Dr. Zequinha, abriu o Hospital Regional, ampliou-o e construiu a Maternidade Santana. Ampliou várias escolas. Um grande destaque foram seus trabalhos na área social. Foi o Bispo que mais trabalhou em Caetité e o que mais deixou saudades. Orador emérito, brilhou até em Roma.

     

    Também construiu o novo Seminário próximo ao IEAT, com vastas instalações, sala de projeção (onde por alguns anos funcionou cinema e teatro). Hoje o seu pavimento superior é sede da Rádio Educadora Santana, que também pertence à Diocese. E ali se ordenaram vários novos padres que se espalharam pelo Brasil.

     

    Dom José foi promovido o Coadjutor do Arcebispado de Uberaba (MG) em fevereiro de 1969, tendo, após sua aposentadoria, se retirado para sua terra natal onde desencarnou em 1996. Consta que exigiu que seu epitáfio fosse: “O coração de quem aqui jaz fica quadripartido: um pedaço em Serro, outro em Diamantina, outro em Caetité e outro em Uberaba."

     

    Dessa época, ficaram as lembranças e saudades. Dos jovens que ensaiavam usar batinas, das estudantes que se hospedavam sob a tutela das freiras, de um tempo que passou e levou consigo parte dos valores que eram a marca daquela sociedade.

     

    Ficaram também os ensinamentos, os exemplos de pessoas que lutaram para melhorar a pequenina Caetité e lhes legaram uma auréola de tradição e paz.

     

    Vale enfatizar que em ambos, Instituto São José e Seminário São José, foram educadas dezenas de jovens que vieram de várias regiões da Bahia e de Estados vizinhos. Essa é uma das marcas que engrandecem a história da educação da nossa Pequenina e Ilustre Caetité!

     

    Luzmar Oliveira – [email protected] – Wsapp: 71 – 99503115 e 87247161.

     

    Nossos agradecimentos a Célia Fraga, filha do nosso fotógrafo Sr. Fraga, que gentilmente nos doou com exclusividade a foto que ilustra este texto. A mesma deve datar do início da década de 60.

     

     

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